31 outubro 2010

Em redor dos livros

A famosa “Shakespeare and Company” (foto minha, Paris Dez 2008)
Navegando um pouco pela net, dei de caras com este site, que tem algumas fotografias muito interessantes de belas livrarias e bibliotecas no mundo, não faltando na primeira categoria, a lindíssima Lello no Porto. Um regalo para os olhos ....

27 outubro 2010

Palavras para que vos quero (1)

Edward Hopper “Morning Sun” 1952
Um dia de cada vez
Acordou cedo, muito antes do despertador tocar e ficou ali a pensar na vida. Anos de luta, com um espírito optimista. Sempre à espera que as coisas tendessem a melhorar. Um dia percebeu que não seria assim, mas o contrário. A situação iria degradar-se aos poucos. E começou a sentir aquilo. Chegou devagarinho. Um pouco de ansiedade aqui, uma certa angústia ali, a inércia a instalar-se. Tentava resistir-lhes, mas era tão difícil. Tudo em si pedia o contrário. Uma voz dizia-lhe que se deixasse ir. Era um ser humano, não podia resistir sempre. Era compreensível, afinal corria tudo tão mal. Mas lá no fundo um sentimento inato resistia. Não te entregues. Sabes que és fundamental na vida deles. Precisam de ti. Não importa que não entendam. Não têm culpa disso, tu sabes. É mais forte do que eles. Lembra-te dos momentos bons. Do abraço inesperado, do carinho no olhar, no agradecimento infantil. E lá vinham mais umas forças e mais um dia passava. E então compreendeu. Seria sempre assim, um dia de cada vez. Hoje melhor, amanhã menos bom.  Viver intensamente os bons momentos e esquecer rapidamente os maus. Sempre tinha sido assim e assim sempre seria. Não havia motivo para mudar. A vida era tão curta. Levantou-se, abriu a janela e ficou uns minutos a olhar o horizonte. Uma bola de fogo subia lentamente nos céus. A aurora trazia um turbilhão de cores indescritíveis, violetas, rosas, laranjas. Mais um magnífico nascer do sol. Sentiu-se feliz perante tanta beleza. E lá foi viver mais um dia de cada vez…
(Custódia - Maio de 2008)

25 outubro 2010

O Falcão de Malta

A propósito de “A noite do oráculo”, deparamo-nos com a referência a Dashiell Hammett e ao seu livro mais famoso “O Falcão de Malta”, onde a história de Flitcraft dá origem ao romance que Sidney Orr começa a escrever no célebre caderno português de cor azul. Nunca li a história do tesouro pelo qual vale a pena matar, nem segui as pegadas de Sam Spade, o detective empenhado na resolução do mistério. Mas como gosto de policiais e mistérios, vou tentar encontrar por aí, nos alfarrabistas e feiras de livros usados, uma edição da velhinha colecção Vampiro…

23 outubro 2010

"MEMÓRIAS DO CÁRCERE"


Hoje, sábado, sentei-me às nove horas da manhã com as “Memórias do Cárcere” de Camilo. A luz do sol, que não era coada por ferros, entrava-me com generosidade pela janela da sala. Havia boas condições para a leitura. O exemplar que comecei a folhear é de uma edição da Parceria A. M. Pereira, comemorativa da inauguração, em 2001, do Centro Português de Fotografia na Cadeia da Relação do Porto. Uma edição de luxo, em excelente papel e com belíssimas manchas gráficas, também com muitas fotografias.
(Abro aqui um parêntesis para dar uma palavra de incentivo àquela leitora que anda a contas com os “Mistérios de Lisboa”. Garanto que se lhe toma o gosto, vai passar ao “Livro Negro de Padre Dinis”, à “Bruxa do Monte Córdova", sei lá…).
E prossigo: “Memórias do Cárcere”, Cadeia da Relação do Porto – esse edifício de estética desornamentada e geometrizante que os historiadores de arte inscrevem no ciclo da arquitectura Port Wine de inspiração inglesa. Lá se alojou Camilo por duas vezes: uma num curto período de vinte e um dias, em Outubro de 1846, por causa do rapto da jovem Patrícia Emília; outra, de 1 de Outubro de 1860 a 16 de Outubro de 1861, um ano e alguns dias, pelo crime de adultério com D. Ana Plácido, crime do qual viria aliás a ser absolvido em julgamento público.
Parece que não teve um regime prisional muito severo. Beneficiava de saídas quase diárias para ir ao médico e aproveitava-as para passear pelo centro do Porto; era visitado pelo senhor D. Pedro V (aquele para quem Alexandre Herculano escrevera a História de Portugal - ad usum delphini); estava amparado por um baú de livros que impressionou o rei e, sobretudo, tinha disposição para trabalhar, para escrever.
Acabei de ler o “Discurso Preliminar”, uma peça que precede as narrativas dos casos criminais que o autor encontrou naquela casa de perseguidos da justiça . Há neste exórdio uma passagem de hilariante erudição: a referência, a propósito de se ter alojado, quando andava em fuga, na estalagem da Joaninha de Guimarães, a várias Joanas e Joaninhas históricas ou literárias. Termina com uma alusão à mais execrável de todas: E que me dizem duma Joana, que teve o desaforo de fingir-se homem, e subir na jerarquia eclesiástica até fazer-se papa, e denominar-se João VIII?! A esta hora estava este João canonizado, se Joana, quando ia em procissão, não dá à luz do dia e dos círios um robusto menino! Ora vejam por que mãos tem andado a tiara de S. Pedro! Na segunda edição do livro, admitiu ser esta história uma fábula engenhada pelos protestantes, porém, nem por isso a retirou do texto.
Bem, continuemos a leitura.

22 outubro 2010

Mistérios de Lisboa

Ainda (e sempre) no encalço de Camilo, surge a notícia da estreia de um filme baseado no seu romance “Mistérios de Lisboa”.
O filme que tem mais de quatro horas de duração (um verdadeiro épico portanto) pareceu-me, por tudo o que já li e vi, interessante e apetecível. No entanto e dado que passará no próximo ano na RTP numa série de 6 episódios, creio que vou aguardar por essa altura. É que passar 4 horas numa sala de cinema é obra…

Espreitem aqui o trailer oficial

21 outubro 2010

Um pouco sobre o autor do mês


Imagem daqui

Paul Auster é um escritor de topo no panorama norte-americano, também conceituado e reconhecido em todo o mundo. Em Portugal, que visita com alguma regularidade, tem um público fiel. Os seus romances têm habitualmente personagens centrais solitárias, em torno das quais se constroem histórias sempre consistentes mas também algo complexas. O acaso está muitas vezes presente e o que inicialmente é real acaba mergulhado em fantasia.
Para além da escrita e entre outras coisas, Auster dedica-se também ao cinema, tendo rodado em Portugal em 2006 parte do filme "The Inner Life of Martin Frost".

Para mais sobre Mr. Paul Auster espreitem este blog relativo ao autor.

20 outubro 2010

A propósito do Palácio de Papel

A foto vem daqui e é interessante ler o pequeno artigo que a acompanha. Ou de como fazer um bom aproveitamento, da publicidade gratuita proporcionada por uma boa história
Custódia C.C.

A Noite do Oráculo - 29 de Outubro, 21h00

Até que ponto é que um caderno português pode influenciar a vida de um escritor? Mergulhe-se na leitura da Noite do Oráculo para se encontrar a resposta.
Auster oferece-nos aqui uma história dentro de histórias, um livro dentro de livros. Mistura-se a realidade com o imaginário, com muitas reflexões pelo meio.
Sinopse: No dia 18 de Setembro de 1982, após vários meses de recuperação de uma doença quase fatal, o escritor Sidney Orr entra numa papelaria de Brooklyn e compra um bloco de notas azul de fabrico português. Nos nove dias que se seguem, Sidney vai viver sob a influência do livro em branco, preso num universo de arrepiantes premonições e de acontecimentos desconcertantes, que ameaçam destruir o seu casamento e minar a sua confiança na realidade.
Custódia C.C.