12 dezembro 2010

MOLLY LANE

Diz-se que em Culloden, lugar da carnificina
de que fala Hélia Correia em Lillias Fraser,
o fantasma dum guerreiro derrotado costuma
atravessar as noites com o seu lamento de sombra.

E em Tantallon Castle, por mais incrível que pareça,
há quem tenha conseguido fotografar
a tenebrosa aparição de um espectro.

Nada disto afligia Molly na noite
daquele Natal de setenta e oito
quando se divertia com os amigos
num inócuo castelo da Escócia.

À hora em que os fantasmas saíam, vogando
descoloridos sob os tectos das casas,
e o vento gemendo nas highlands
crivava de inquietação
os dedos líquidos dos lochs,
ela ria-se das sombras pálidas dos mortos,
dançando nua sobre uma mesa de snooker.

2 comentários:

Custódia C. disse...

Apesar do autor acabar por nos dizer relativamente pouco sobre Molly, percebe-se que era uma mulher pouco convencional, sempre em fuga de rotinas...
A Escócia e as highlands também me seduzem...

Manuel Nunes disse...

Acabei hoje de ler. A heroína do romance está morta, e mesmo assim nunca deixa de estar presente. O livro parece ligeiro, mas toca em aspectos interessantes. Gostei.