05 julho 2011

"O Primo Basílio" de Eça de Queiroz, 29 de Julho às 21h00


A abrir:

“Tinham dado onze horas no cuco da sala de jantar. Jorge fechou o volume de Luís Figuier que estivera folheando devagar, estirado na velha voltair de marroquim escuro, espreguiçou-se,  bocejou e disse:
- Tu não te vais vestir, Luísa?
- Logo.
Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã de fazenda preta, bordado a soutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis de rubis miudinhos davam cintilações escarlates…”

6 comentários:

Joca disse...

Que trabalho, Custódia! Eu penso que deve ser o livro mais cinéfilo que lemos. Já estou a ler. Ah, primo, quanto mais primo,...:)

Leitora não lisboeta disse...

É verão, poeira, calor e passeios de coupé ao Campo Grande. Alguém me informa onde ficava o famoso passeio? Seria na actual Av. da Liberdade?

LEITOR ALFACINHA disse...

Leitora Saloia:
Acho quen o Passeio Público ficava ali no início do que é hoje a Av. Liberdade. Foi destruído no final do século XIX para se fazer a avenida.

endríago apaixonado disse...

Para quem eventualmente não se lembre, essa gravura que se reproduz na capa é tirada de um quadro de Malhoa - "Praia das Maçãs" (1918, Museu do Chiado). Gosto muito do quadro e também da Praia das Maçãs, sítio onde se calhar esses bem conhecidos caminhantes de Sintra não costumam ir. Que se façam ao ares sadios da praia, seus calcorreadores de penhascos!

Uma das caminhantes em causa disse...

Caro endríago apaixonado
Devo dizer-lhe que também já por lá passámos, num dia em que descemos de Sintra nesse mítico eléctrico que nos levou à bela Praia das Maçãs. Depois atravessámos as suas areias, subimos aos penhascos (lá está..), descemos à Praia Grande, atravessá-mo-la e subimos os mais de cem degraus em busca das famosas pegadas de dinossauro!

Outra caminhante desapaixonada disse...

Mas que é isto? Nostalgia desenfreada? Há que voltar um dia desses àquela praia,a dita, das maçãs, se possível naquele famoso eléctrico a partir de Sintra e, se for caso disso, voltar a subir aquelas centenas de degraus - penhasco a pique, sim senhor! - acompanhando as reviradas de 90º pegadas dos nossos vizinhos dinossáuricos (não me lembro que espécies)de há um bom par de milhões de anos, passada a Praia Grande, se bem me lembro!