28 setembro 2011

AMORES CANINOS

A cadela cocker spaniel da E.C. no jardim da Casa das Palmeiras

O Mundo à minha procura, pp. 188-191.

27 setembro 2011

A PIETÁ MAIS BONITA DA NOSSA ESTATUÁRIA

Fotografia tirada em Amarante em 7 de Setembro de 2011. Já não me recordava de que Ruben A. falava disto.

(...) de Amarante, onde era mais raro irmos, misturávamos o olhar para aquelas velharias da praça onde só mais tarde vim a descobrir a Pietá mais bonita da nossa estatuária, ali em plena esquina da ponte - de lá trazíamos as lérias e os foguetes.

O Mundo à minha procura, p. 127.

Casa Andresen



Mas a simetria no Campo Alegre era uma simetria ampliada, um máximo de simetria, tanto no tamanho e altura do edifício, como nas suas janelas e portas. Acima daquilo só a loucura. E a casa, para quem conhecer de íntimo a sua extraordinária história - que não cabe nas páginas de uma autobiografia  - vacilou sempre com os seus personagens numa espécie de loucura humana que lembra em flagrante a Casa dos Manons na Electra de Eugene O´Neill. Nos limites da loucura arquitectónica sentia-se que qualquer coisa de demente teria de habitar aquele casarão.

RUBEN A. - O Mundo à minha procura, Lisboa, Assírio & Alvim, volume I, 2ª edição, 2000, pp. 77 e 78.

24 setembro 2011

"NUNCA NADA É INVENTADO"

Esta casa desmesurada, cheia de gente mas também cheia de lugares vazios e quartos desabitados e fechados, cheia de vozes, silêncios, ressonâncias, mistérios, medos e encantações e assombros aparece assim como o jardim o parque o pinhal e a quinta em muitos os poemas e contos que ao longo dos anos escrevi. É a casa de Hana do conto “Saga”, o jardim do Rapaz de Bronze. E, múltipla, a casa é também “um dos palácios do Minotauro” de que falo num dos meus poemas. É igualmente esta a casa que o meu primo Ruben A. descreve no seu livro O mundo à minha procura: uma óptima descrição, tão exacta e veemente que poderá parecer inventada. Mas nunca nada é inventado.
(Sophia de Mello Breyner Andresen – Excerto de um texto autobiográfico inédito, in Paula Morão, “Nunca nada é inventado”, COLÓQUIO/Letras nº 176, Janeiro/Abril de 2011.)

23 setembro 2011

A QUINTA DO CAMPO ALEGRE

Ruben A. com a prima Sophia e Isabel da Nóbrega, 1958
(fotografia de Biblioteca Nacional Digital, http://www.purl.pt/)

A infância e adolescência, passou-a Sophia na quinta portuense do Campo Alegre, adquirida pelo seu avô Andresen no final do século XIX. "Um território fabuloso", assim a evocaria mais tarde a própria autora. É claro que um exíguo quintalejo pode ser, para uma criança, um território fabuloso. Mas não era bem o caso. Uma parte do que dele resta é hoje o Jardim Botânico do Porto. "Era tão grande a Quinta dos Andresen que o filho primogénito, João Henrique [pai de Sophia], administrador das minas de S. Pedro da Cova, não precisava de galgar os muros para atirar à caça de arribação", escreve Fernando Assis Pacheco, num belo texto intitulado "Sophia, a vida tirada a limpo", que a "Visão" publicou em 1995.
Um dos costumes da casa, como recorda o escritor Ruben A., primo de Sophia, nos seus volumes autobiográficos, era o de se organizar, pelo Natal, um espectáculo protagonizado pelas crianças da família. Foi justamente uma destas celebrações que originou o primeiro contacto de Sophia com a poesia. Tinha três anos e ainda não sabia ler, mas uma criada, desgostosa por ver a menina excluída do elenco de artistas, ensinou-a a recitar "A Nau Catrineta".

(Excerto de um texto de Luís Miguel Queirós)

09 setembro 2011

O Mundo à Minha Procura – 30 de Setembro às 21h00


Busto de Ruben A. no Jardim Botânico do Porto

A propósito desta sua autobiografia, Ruben A. afirmou o seguinte, numa entrevista dada em 1965, ao Diário Popular: "O Mundo à Minha Procura representa uma necessidade urgente de arrumar a minha vida sentimental, de ver a novela que dentro do meu ser transporto. A forma autobiográfica é a mais pura do romance, a criação permanente de um estado de espírito que traz presentes os fantasmas que se acolheram no sótão da sensibilidade”.

Dos três volumes que compõem a obra, vamos ler o primeiro e encerrar o capítulo “Crónicas e Autobiografias” no final deste mês.