26 dezembro 2011

Relato que se faz e apresenta da sessão que teve lugar poético em casa dos Cratchit, na noite de Natal do Ano da Graça de 2011: 1ª jornada

Passada a epítome das festas, com a celebração familiar do Natal, repartido ou não entre a noite e o dia propriamente dito, sempre à volta de muitas vitualhas apropriadas à tradição e de não menos alcoólicos néctares, é tempo de cumprir a promessa de narrar, aqui, para que fique registado nos anais imorredoiros deste prestimoso blogue, a crónica da sessão dita poética, inspirada pelo respectivo Espírito que, como é do conhecimento universal, surgiu da síntese feliz que C. Dickens resolveu em boa hora fazer dos três Espíritos de Natal, num rasgo genial de re-escrita do seu Conto.
Convém dizer que a sessão em casa dos Cratchit, na sala pobremente guarnecida, mas especialmente preparada para o acontecimento, foi precedida de alguns preparativos: em primeiro lugar, havia o convite ao poeta Laurence, o qual tinha ficado com a incumbência de seleccionar material alusivo à Quadra; depois, foi pedido a M. Dikens um poema por ele escolhido, para ser incluído na sessão e também integrar a ementa da consoada dos que não pudessem estar presentes em casa dos Cratchit.
Era expectável que este evento pudesse ajudar a renovar o próprio Espírito do Natal, cansado e erodido por tanta repetição: sempre a mesma fórmula sócio-familiar, em crescendo de aborrecimento, com o mesmo tipo de filmes televisivos, publicidade e mais publicidade; cheio de luzes pisca-pisca, de ausência tácita de denúncia e de protestos de bondade faz-de-conta-que-é-para-sempre.
Um pouco depois da hora aprazada, apresentou-se, na casa de St George Avenue, devidamente enfarpelado, o poeta Laurence, a tempo de participar do repasto natalício, o qual, por um deslocamento geográfico do epicentro da estória, não constaria nunca de ganso assado, podendo, remotamente, incluir peru recheado, mas constaria sim, impreterivelmente, de bacalhau com todos, como manda uma tradição de origens vagamente vislumbráveis, relacionadas com um gosto local enraizado a partir da prática gastronómica de muitas sextas-feiras quaresmais, (ou qualquer outro motivo à escolha de melhores investigadores).
Voltando à vaca fria, que é como quem diz, ao bacalhau cozido, à ceia de Natal, acolitado aquele por tinto de Portalegre, temos à volta da mesa a família Cratchit em versão reduzida (não porque tivesse acontecido algum mal ao Tim ou a qualquer outro membro, note-se) e o poeta, que faz as delícias da dona da casa por tão bem se bater com a refeição.
Mal tinham os comensais engolido a terceira dose de sobremesa, retine a campainha da porta... Olá! Será gente ou será espírito?
...
(Nota: a continuar com mais episódios só se houver adesão de leitores)

6 comentários:

Custódia C. disse...

Esta leitora promete desde já fidelizar-se para garantir a continuação do registo de uma noite poética. O que foi já apresentado é bom, mas o que vem depois de uma campainha retinir... melhor será?
Let us find out!

Joca disse...

Amélia, I hard can waiting!... :)
Quem era??? E depois, e depois???

João Videira Santos disse...

Bom ano!

Manuela Correia disse...

Apesar de só agora me introduzir no meio de tão talentosos escrevedores, confesso que foi a curiosidade que a tal me induziu.
... A campainha retiniu. A porta abriu-se, vultos friorentos surgiram...Foi assim?

M. Dickens disse...

Força, força, Companheira Amélia!

Maria Amélia disse...

Olha lá se fosse o Vasco!