21 julho 2012

VISITA DE ARIADNE


Lembrara-me de uma teoria da paixão.
Imagino a poesia que há no acaso.  Este, chamo-lhe sevilha.
Quarenta e tal graus, o espaço ocre do museu das belas-artes.
Sorriu. Com olhos de gás e um rio por cima da seda rubra.
Falo-lhe, então, de marco polo e da invenção do papel,
a monumentalidade da catedral, o túmulo de colombo.
Disse-lhe, enfim: “vê como ferve o recorte da giralda”.
Limitou-se a sorrir. Estendeu um fio no chão.


------ JOSÉ LAURINDO LEAL DE GÓIS, O Fogo e a Lágrima, Porto, Campo das Letras, 2003, p. 73.

2 comentários:

Custódia C. disse...

Uma visita no momento certo. Bem vinda Ariadne...

Joca disse...

Com quarenta e tal graus e um fio no chão, não há funambulista que tenha a arte e a resistência de o percorrer. Nem com uma teoria da paixão.