17 novembro 2012

CLARICE EM LISBOA

 
Veronica Lake (1922-1973), actriz de Hollywood

"Imaginem que os portugueses, quando eu passo, dizem: B'ronica Lake (Verônica Lake)... Sair do Brasil para ouvir isso..."

De uma carta de Clarice Lispector - com data de Lisboa, 7 de Agosto de 1944 - para as irmãs Elisa e Tânia (Minhas Queridas, Rio de Janeiro, Editora Rocco, 1977, p. 41).

7 comentários:

Custódia C. disse...

B'ronica ??? Eu diria "olha a bela pronúncia do norte..."

Manuel Nunes disse...

Claro. A Lisboa de 1944 devia estar cheia de galegos, portugueses de Entre-Douro-e-Minho (alentejanos, quiçá :)) e daí a pronúncia dominante do Norte. Esta passagem da carta tem, assim, um valor sociológico, ou histórico-sociológico (já não digo semiótico, ou estético, como o outro senhor do Funchal :)). Grande Verónica Lake! Podem esquadrinhar todos os quarteirões modernos de Hollywood e Beverly Hills - não encontrarão nenhuma igual!

Maria Amélia disse...

Ai encontramos sim! O que não fazem o silicone e o photoshop?
Já agora, seriam necessariamente nortenhos e galegos esses novos citadinos tão cinéfilos. Saloios é que não eram: interessarem-se agora por uma qualquer V'ronica leite, ou lá que é?

Manuel Nunes disse...

De saloios não percebo nada. Mas gosto de cinéfilas.

Paula M. disse...

A Verónica foi «recriada» há uns anos pela Kim Bassinger, c os seus longos cabelos louros e lábios vermelhos... Acho que até ganhou um Oscar.
E de facto saloios n/ eram ( e qual o problema de ser saloio?); conheciam as belezas de Hollywood, tão «fabricadas» nessa época como nesta do photoshop.

Maria Amélia disse...

Acho que não me expliquei bem: o que eu quero dizer com a lição dos saloios (só mesmo conhecendo-os)é que o melhor discernimento é o deles: nunca na vida se interessariam pelo que põe os citadinos a ferver, resultante neles do movimento contraditório de atração e desprezo por tudo o que a cidade significa e enaltece. Daí a impossibilidade de "conhecerem" a Verónica e congéneres...

Maria Amélia disse...

Ah, mas atenção: isto não significa que não apreciassem de alto e com uma certa dose de estultícia, uma qualquer Verónica caída do céu (mas silenciosamente...)