12 agosto 2013

LAZARILHO DE TORMES

LAZARILHO DE TORMES

Prólogo


Eu tenho por bem que coisas tão assinaladas e talvez nunca ouvidas nem vistas cheguem ao conhecimento de muitos, e não fiquem enterradas no esquecimento, porque pode ser que alguém ao lê-las encontre qualquer coisa que lhe agrade, e deleitem aqueles que não as puderam aprofundar. A este propósito diz Plínio que não há livro, por pior que seja, que não tenha qualquer coisa de bom. Principalmente porque os gostos não são todos iguais, e o que este não come , faz as delícias daquele. E assim, vemos coisas desprezadas por uns que o não são por outros. Quer isto dizer que nenhuma coisa se devia inutilizar ou desprezar, a não ser que fosse muito detestável, mas, pelo contrário, comunicada a todos, mormente quando não prejudicasse e podendo colher-se dela algum proveito. […]

É assim que lições de sempre (e atualíssimas...) nos chegam pela referência de Cervantes ao autor anónimo seu antecessor nas aventuras picarescas, mais propriamente ao Lazarilho de Tormes.

1 comentário:

Custódia C. disse...

E mais uma vez, umas leituras a levar a outras :)