08 outubro 2013

ANTÓNIO RAMOS ROSA (de novo, para não esquecer)





Estar Só é Estar no Íntimo do MundoPor vezes   cada objecto   se ilumina 
do que no passar é pausa íntima 
entre sons minuciosos que inclinam 
a atenção para uma cavidade mínima 
E estar assim tão breve e tão profundo 
como no silêncio de uma planta 
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice 
ou na alvura de um sono que nos dá 
a cintilante substância do sítio 
O mundo inteiro assim cabe num limbo 
e é como um eco límpido e uma folha de sombra 
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes 
E é astro imediato de um lúcido sono 
fluvial e um núbil eclipse 
em que estar só é estar no íntimo do mundo 

António Ramos Rosa, in "Poemas Inéditos"

Para um Amigo Tenho SemprePara um amigo tenho sempre um relógio 
esquecido em qualquer fundo de algibeira. 
Mas esse relógio não marca o tempo inútil. 
São restos de tabaco e de ternura rápida. 
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo. 
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol. 

António Ramos Rosa, in "Viagem Através de uma Nebulosa
"

2 comentários:

Manuel Nunes disse...

Perante uma leitora e admiradora de Ramos Rosa, encorajo-me a divulgar o seguinte:
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PALÁCIO FRONTEIRA
15 de Outubro, 3ª feira
21h30 – RECITAL DE POESIA DE ANTÓNIO RAMOS ROSA
Apresentação e Comentários: Fátima Freitas Morna
Leituras: Antónia Brandão, Maria Adelaide Hidalgo e Paulo Godinho.
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Entrada livre, mediante inscrição.

Maria Amélia disse...

Uau! E será que eu os conseguiria ouvir???