27 novembro 2013

WEIMAR, CÉU E INFERNO, OUTROS CERCOS


Casa Museu de J.W. von Goethe

A entrada principal do Campo de Buchenwald

O lettering, legível depois de entrar, significa: estás aqui porque é justo que estejas.

A cidade não se cansa dos seus heróis. Convivem Goethe e Schiller, claro, amigos para a vida (e para a eternidade)


Enquanto prosseguia o desenrolar da História do Cerco de Lisboa, na latitude 38º 43' 0" N e longitude -9º 7' 59", em épocas sobrepostas pela ficção, noutras coordenadas geográficas, a 50° 59' 0" N e 11° 19' 0" E, em Weimar, deparou-se-me um outro Cerco, o das contradições inescapáveis desta nossa "raça" humana, a um tempo divina e perversa, espelhando, despudoradamente, céu e  inferno. 
O Céu da Cultura universal (se assim nos podemos exprimir): Goethe, a arte, a literatura, a inteligência; Schiller, a literatura e a inventiva; Bach, Lizt, a música na sua expressão mais paradigmática... A Bauhaus, com Van de Velde e Gropius e o expoente máximo das vanguardas do século XX na Arte e seu ensino.
O Inferno do 1º campo de concentração nazi, a apenas 8 km da cidade de Weimar, anterior à II Guerra, palco de atrocidades que ferem profundamente o mais elementar sentido de Humanidade. Sobre tudo aquilo, o silêncio do nevoeiro, do frio e da dor da morte e injustiça nunca superada. Por ninguém.

26 novembro 2013

DIÁRIO DA LEITURA DO CERCO - 26/11/2013

Volto ao terreno para fotografar o Arco de Jesus e a pedra de armas dos Mascarenhas no cunhal  dum prédio adjacente (página 73).

Depois subo à Rua do Milagre de Santo António, ao seu extremo poente, local de confluência do Largo dos Lóios e das Ruas da Saudade e Bartolomeu de Gusmão. Aí está o edifício dos painéis de azulejos abomináveis (página 267). Três milagres, afinal, e muitos mais terá feito o taumaturgo de Pádua e de Lisboa.
Detenho-me no painel que narra o milagre da mula que se ajoelhou perante a Hóstia Sagrada, prova infalível de estar Cristo no Sacramento e não como diziam os perversos hereges que Santo António se encarregou de contrariar (página 268 e seguintes).
Sobre o progresso dos amores de Raimundo Benvindo e Maria Sara, coisa digna de se apreciar, é que não digo nada. Reservo-me para a sessão.
Amanhã arranco da página 277 – onde se diz “Geralmente , considera-se demonstração de inultrapassável bravura dar o próprio condenado à morte a ordem de fogo ao pelotão que o vai fuzilar, (…) – e é mesmo para terminar a leitura.

25 novembro 2013

DIÁRIO DA LEITURA DO CERCO - 25/11/2013

Cheguei à página 246, fim de mais um capítulo, com a fala de Raimundo Benvindo: “Não vim de tão longe para morrer diante dos muros de Lisboa”. Uma outra forma de dizer, não escapei do naufrágio para vir morrer na praia.
Depois da guerra suja de Santarém, contada a páginas 186 e 187 pelo soldado Mogueime, Moqueime ou Mogeima, ao lado da guerra que se prepara em Lisboa entre cristãos e mouros, corre uma história de avanços e recuos, de hesitações e ciúmes mal definidos, de ousadias e atitudes prudenciais.  
Ela: “Não se dão rosas hoje para dar um deserto amanhã.” Ele: “Não haverá deserto.” Ela: “É só uma promessa, não o sabemos.”
O íntimo rumor que abre as rosas, página 170, autocitação de um verso de Provavelmente Alegria:

É tão fundo o silêncio entre as estrelas.
Nem o som da palavra se propaga,
Nem o canto das aves milagrosas.
Mas lá, entre as estrelas, onde somos
Um astro recriado, é que se ouve
O íntimo rumor que abre as rosas.

 
Faltam 100 páginas. Talvez acabe amanhã.


MILAGRE DE SANTO ANTÓNIO

Na rua do dito milagre, por cima do bistro a bilha. O que a gente descobre quando se põe a ler Saramago.

24 novembro 2013

DIÁRIO DA LEITURA DO CERCO - 24/11/2013

Comecei hoje, bem cedo, no capítulo em que Afonso I de Portugal, devidamente assessorado por D. João Peculiar e D. Pedro Pitões – arcebispo de Braga o primeiro, bispo do Porto o segundo –, produz aquele extraordinário discurso em que é lembrado o milagre de Ourique, obrado directamente por Nosso Senhor. A coisa foi mal recebida pelos cruzados: se têm Nosso Senhor como general e comandante, fiquem-se com Ele que nós não somos aqui precisos.
Li da página 137 à 173, aquele passo, talvez inesperado, em que Raimundo Benvindo convida Maria Sara a subir a sua casa. 
O domingo de sol não deu para mais, mas fiz o meu  trabalho de campo: Rua do Milagre de Santo António, Escadinhas de S. Crispim, Rua Bartolomeu de Gusmão, Arco da Conceição, Portas do Mar, Arco de Jesus, Calçada do Correio Velho e Rua da Padaria.
Da Leitaria A Graciosa, nenhum traço.

DIÁRIO DA LEITURA DO CERCO - 23/11/1013

Foi em sonho que Raimundo Benvindo viu distintamente as torres das Amoreiras, mas estava bem acordado quando conheceu a doutora Maria Sara com a sua blusa de tom branco-manhã.
Dias agitados na Rua do Milagre de Santo António.
 
Leonard Cohen passou por lá nas asas de um videoclip.
 
 
O restaurador capilar Fonte de Juventa foi despejado no lava-loiça. Osberno e demais fontes históricas inquietam o nosso homem.
Página 135, onde se sabe que Raimundo Benvindo encontrou a razão do Não para rescrever a História do Cerco de Lisboa.
Neste ponto me deixei ficar.
Aproveito para apresentar uma idealização da doutora Maria Sara.
 
 

22 novembro 2013

DIÁRIO DA LEITURA DO CERCO - 22/11/2013

O sinal é assim como uma cobra que não chega a morder a cauda, diz o historiador, devem ter percebido. Tem parecenças com o Q, diz Raimundo Benvindo, afilhado da tal madrinha, ou será que é o historiador? Deleatur quer dizer destrua-se.
Aqui comecei, hoje, como quem não quer a coisa, e fui até à página 75, onde se nos depara aquela visão das torres das Amoreiras. Perante a taveirada, achei por bem fechar o livro. Amanhã há mais.
 

UM AUTÓGRAFO DE SARAMAGO

Com a assinatura do nobel: História do Cerco de Lisboa
 
Escrevi no Facebook do grupo de amigos da “Comunidade de leitores de S. Domingos de Rana” que parecia sobranceria minha dizer "já não me lembrava desta página" de História do Cerco de Lisboa, de José Saramago, assinada pelo próprio, então já premiado nobel da literatura. Vou redimir-me confidenciando aqui: quando o nosso querido Saramago não era assim muito, muito, muito famoso - ou quando ainda tinha outros vigores - fui ouvi-lo e vê-lo (publicamente, claro está!), algumas vezes, lá na banda sul onde eu morava. Lembro-me de um ou duas vezes em que, tal era a pilha de livros de edições diferentes que várias pessoas transportavam consigo que, também a mim me aconteceu, por vergonha, por deferência, nem solicitava que  Saramago os autografasse a todos. Certa vez "decretou" que passaria a assinar só um livro por pessoa pois a fila era enorme, enorme…, de várias horas já! Por isso é que eu não me lembrava, DE FACTO, desta “página de rosto”, que tão orgulhosamente partilho aqui de um autor valeroso da língua portuguesa.
Não se esqueçam de aparecer no dia da História do Cerco de Lisboa , na Biblioteca Municipal de S. Domingos de Rana, às 21h, a 29 de novembro, com entrada livre.
 
Dulce Teixeira

18 novembro 2013

LER DOM QUIXOTE

HONORÉ DAUMIER, o Michelangelo da Caricatura (1808-1879), Dom Quixote Lendo
 
Hoje, no Teatro Municipal São Luiz, Jardim de Inverno, às 21 horas.


16 novembro 2013

SARAMAGO, 91 anos

16 de Novembro (1994)
 
"No Arts Council, em Londres, apresentaram-me de surpresa um grande bolo branco com palavras de chocolate e erros de ortografia: «Parabens, señor Saramago.» O «parabéns a você» (que sempre detestei) é cantado por doze vozes e em três versões: a luso-brasileira, a moçambicana e a inglesa... (...) Quando apaguei a única vela que havia no bolo, descobri que afinal eram setenta e duas. Tantas. (...)"

Cadernos de Lanzarote - Diário II

13 novembro 2013

O CERCO DE LISBOA (1147)

Ilustração de ROQUE GAMEIRO (1864-1935)

" A RONDA DA NOITE "

REMBRANDT, 1642, óleo sobre tela, Rijksmuseum, Amsterdão
 
Uma ideia aplicável à leitura de um livro é a de ser uma espécie de “work in progress”, não só naqueles momentos em que o leitor se mete pela primeira vez na floresta do texto, ganhando capítulo a capítulo o conhecimento da obra, como ao longo da vida, sempre que a ela volta e com novos olhos a lê e compreende.
Estou a ler A Ronda da Noite, de Agustina Bessa-Luís.[1] Ainda não passei de metade do livro, logo, tudo o que possa dizer será sempre inacabado e provisório, fruto de uma leitura em curso. Um aspecto, porém, desde já arrisco, seguro de não cair em grande engano: sendo esta narrativa um diálogo entre dois textos – o pictórico de Rembrandt e o literário de Agustina –, aplica-se a um e outro a mesma metodologia de abordagem e interpretação.
Ninguém “lê” a obra de Rembrandt partindo da esquerda para a direita, começando naquele militar que levanta a grossa lâmina da sua arma até ao tambor mutilado[2] do extremo oposto.  O facto é que o “leitor” da narrativa de Rembrandt começará provavelmente por se deter nas duas figuras centrais – o “nocturno” capitão Banning Cocq e o luminoso tenente Willem van Ruytenburch; reparará de seguida na figura da menina (Saskia?), igualmente luminosa, atravessando o espaço da tela; andará depois – e desculpem-me se estou a simplificar ou esquematizar as coisas –, pelos militares e demais figuras do cortejo, voltará a Saskia, ao capitão e ao seu tenente, interrogar-se-á sobre o destroço do pobre tambor, tentará uma leitura de conjunto na procura dos elos da narrativa.
No romance de Agustina não nos é dado procedimento diferente. A história de Maria Rosa e de Martinho (a saga dos Labasco?) não é servida de trás para a frente, da esquerda para a direita ou segundo outro critério de ordenação susceptível de tranquilizar o leitor, dizendo-lhe: “Segue-me e compreenderás”. É o leitor que terá de fazer o seu próprio caminho, compreendendo o que se diz, o que se não diz e o que apenas se sugere. (Vejo haver muitos “ques” na última frase, desculpe-se-me o desaforo estilístico pois Agustina também os usa sem parcimónia em certo passos da sua escrita).
Trata-se então de o leitor fazer o seu próprio caminho. O caminho faz-se caminhando – frase talvez de Pessoa, de António Machado, ou de alguém por eles. Não interessa. Ler e ler bem é um caminho, neste caso o único, para interpretar. De outra forma, arriscamo-nos, como na história desta obra monumental de Rembrandt, a chamar “ronda da noite” a um “cortejo diurno” cheio de luz e cor.[3]



[1] Leitura para a Comunidade de Leitores da Biblioteca Municipal de Cascais, Casa da Horta da Quinta de Santa Clara, dia 21 de Novembro, às 18h.30m.
[2] Obrou-se esta mutilação, como nos informa a própria Agustina, porque a tela, de grandes dimensões, não cabia na parede da Câmara de Amsterdão onde a queriam expor.
[3] No século XIX, a tela recebeu o nome de “A Ronda da Noite” por uma equívoca interpretação, dado encontrar-se obscurecida pela oxidação do verniz e pela sujidade.

10 novembro 2013

QUIXOTE TAMBÉM EU FUI

Ilustração de ANDRÉ LETRIA

O meu nome é Ginez de Passamonte e nasci em Aragão num lugar desconhecido não muito afastado de Calatayud. A lembrança mais antiga que guardo é de meu pai, com um avental de couro, malhando a incandescência do ferro na oficina que havia na loja da nossa casa. Agora que estou velho e sigo a custo o curso destes primeiros anos do século, o décimo sétimo da era de Nosso Senhor, acordo muitas vezes durante a noite com os olhos cheios dessa imagem ao mesmo tempo querida e, pela distância, assustadora. Meu pai que me educou no respeito e temor de Deus, minha mãe em cujo seio desfolhei o livro iniciático da vida, estão para sempre guardados no meu coração. Fui amado em criança, cresci saudável, estudei humanidades, tomei ordens religiosas que com peso rompi, estive na batalha de Lepanto tendo ficado cativo dos turcos como remador de galés.
        É mister dizer ao leitor que sempre fui seguidor da verdade, vendo o embuste e os  processos ardilosos como chagas maiores da alma e da perfeição humana.  É mister esclarecer, indo direito à razão deste humilde escrito, nunca ter andado de grilhões e algemas pelos caminhos da Mancha, sob o jugo da justiça de D. Filipe II, rei de Espanha e de Portugal,  consorte de Inglaterra, herdeiro de Carlos V, o poderoso imperador do Sacro Império Romano Germânico e rei de todas as Espanhas, senhor, o filho, de domínios onde o sol jamais se punha, desde a americana Filipeia às asiáticas Filipinas onde Magalhães pereceu. Nunca cometi crime contra Deus ou os homens, nunca fui perseguido pela Santa Irmandade ou pela justiça real. A notícia de crimes que não pratiquei e a humilhante prisão que me atribuem foram inventadas pelo cronista arábico Cid Hamete Benengeli e logo propagadas por um preclaro autor de contos, rimances e entremezes, meu companheiro de armas e tão sofredor de cativeiros como eu fui. Já lhes perdoei esses tortos e agravos, Deus Nosso Senhor lhes perdoe também se tal estiver compreendido nos seus insondáveis desígnios.
Saiba-se, portanto, que não fui roubador de asnos nem de alforges, não apontei escopeta ou arma branca aos meirinhos do rei, tampouco alguma vez me dei ares de cigano ou me chamei Ginezilho de Parapilha como vejo escrito nesse grosso volume de tamanha fortuna literária. Ao tempo em que me davam como fugido à justiça real, acolhia-me eu diariamente a Nossa Senhora do Pilar, em Saragoça, buscando remédio para as minha dores em companhia de um irmão da Confraria do Rosário a quem muito me afeiçoei.  
E que dores! Quixote e enamorado também eu fui, amador de uma donzela que só desesperança me deu. A verdade faltante nessa fábula da serra Morena, escrita pelo plumitivo de Alcalá de Henares, é ter eu sofrido, não nas suas brenhas, como Cardénio, mas no imo da alma, a coita de uma paixão sem retorno que ainda não se apartou de mim. Amei essa Doroteia que de mim nunca fala e só de Fernando se queixa, o sedutor que a abandonou.  As mulheres, especialmente quando belas, são alvos expostos e sempre tangíveis de homens inescrupulosos. Acreditei no amor e idealizei as suas excelências, perdi Doroteia como Cardénio perdeu Lucinda, porque na consumação dos afectos há cálculos e congeminações que não entram nos corações dos puros. O que não posso perdoar é que os contadores de histórias se esqueçam de as contar no seu natural e inventem e envileçam os factos por adorno estéril ou simples má fé.
O Quixote da lança frouxa e do elmo de barbeiro poderá ter sido muito verdadeiro no seu amor por Dulcineia, não o nego. Mas não fez mais que reproduzir um código, tomar para si um modelo de amar prescrito, ao longo de séculos, em centenas de livros. Eu segui o modelo do meu coração, o único válido e autêntico, aquele que levou Ulisses pelo mar, de Tróia a Ítaca, fugindo das Sereias e de Circe, navegando entre Cila e Caríbdis para se juntar a Penélope do laborioso manto.
Tudo espero contar na minha autobiografia, aquela de que se fala, em tom jocoso, no cartapácio citado. Se é ou não ao jeito da de Lazarilho de Tormes, os leitores, se os houver, a seu tempo o dirão. Nela tratarei de repor a verdade, o espírito dos factos. Que não me falte o ânimo para a poder concluir, sem embargo de, à fé de quem sou, aqui declarar as ganas que às vezes sinto de dela desistir e pegar nesta história do Quixote para lhe dar o andamento e a continuação merecidos.
Chamar-lhe-ão história apócrifa, eu sei, como é de bom tom e usança entre  gente que se julga detentora da ciência universal das coisas, mas isso, bem visto e pensado, é o que menos me importa.  

08 novembro 2013

MAIS HISTÓRIAS DO CERCO DE LISBOA




Antes ainda de perceber o andamento que José Saramago
 vai dar à História, a minha referência vai para  os fantásticos relatos, do género epistolar, eventualmente resultantes da "presença no cerco", em 1147, de Osberno, militar inglês, que "na sua bagagem trazia, junto das armas, o tinteiro, pergaminho e alguns livros", na suposição de Júlio de Castilho (p.10, prefácio de A. Vieira da Silva) e Arnulfo, cruzado também ele, participante da peleja que levou à conquista da cidade de Ulisipona (segundo a versão latina). De acordo com V. da Silva, Alexandre Herculano, quando escreveu o volume I da 1ª edição da sua História de Portugal (1846), ainda não conhecia o texto do documento manuscrito da Carta de Osberno, embora soubesse da sua existência. O códice de que faz parte encontrava-se (e poderá manter-se) na Biblioteca do Colégio do Corpo de Cristo, da Universidade de Cambridge; trata-se de uma cópia do século XIII e foi pela primeira vez publicada nos Portugaliae Monumenta Histórica, Scriptores, volumen I (1856), onde já aparecem notas de Alexandre Herculano, que terá insistido junto do Governo português para que encomendasse a necessária cópia do documento a um conceituado paleógrafo inglês.
 Enquanto o destinatário da Carta de Osberno permanecia na obscuridade, a Carta de Arnulfo é declaradamente dirigida a Milão, bispo dos Morinos (povo que habitava a região do Artois, em França).
Estas referências parecem-me extremamente interessantes, mesmo não tendo em conta o que historiadores e investigadores adiantaram posteriormente a 1936; também gostava de chamar a atenção para a gravura acima e para o aspeto do Castelo de S. Jorge antes da intervenção "criteriosa" da DGEMN, um pouco mais tarde, mas no enquadramento de valorização patriótica que o Estado Novo prosseguia.

07 novembro 2013

O MEMORIAL DO CONCERTO




Experiência espácio-sensorial e única, esta que nos pôs em sintonia com tantas coisas do domínio do inefável: concerto a 6 órgãos, Basílica de Mafra, domingo passado, para algo que não passa. Repetição, oportunidade, a não perder.

(Sobre o Memorial do Convento: leio a descrição do transporte da pedra daquela varanda: como ela parece insignificante vista daqui!)

"HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA"


Li há muito tempo na História de Portugal de Alexandre Herculano a narrativa do cerco e conquista de Lisboa. Ali se referem as técnicas de guerra postas em prática pelos sitiantes, as divergências entre cruzados e o rei de Portugal, por fim a entrada na cidade, o saque e a surpresa dos cristãos ao verem que uma parte da população, aparentemente moura, abraçava e beijava a cruz, clamando em desespero pela Virgem Maria. Eram os descendentes dos antigos godos, submetidos pelos sarracenos, que durante três séculos lograram conservar a sua religião.   
Daí também o interesse por esta História do Cerco de Lisboa de José Saramago, à espera de ver até onde chega a ousadia do revisor tipográfico Raimundo Silva, protagonista do romance, na subversão de factos históricos que todos temos por incontestáveis.
Para ler até 29 de Novembro, data da sessão deste mês.

06 novembro 2013

SÁBADO HÁ DOM QUIXOTE

O cura e o barbeiro ao lado do leito onde D. Quixote, moído dos ossos, destila mais um pouco da sua loucura. Ao fundo, mui pesarosas, a ama e a sobrinha do fidalgo. Preparam-se para o auto de queima dos livros (Capítulo VI da Primeira Parte), de que se salvaram, por mérito próprio, o Amadis de Gaula, o Palmeirim de Inglaterra, a Diana de Jorge de Montemor e até A Galateia de… Miguel de Cervantes Saavedra.
Pois estas duas personagens, o cura licenciado Pedro Peres e o barbeiro mestre Nicolau, reaparecem no Capítulo XXVI, “Onde se prosseguem as finezas que de enamorado fez dom Quixote na serra Morena.” Logo se verá, ou lerá, no próximo sábado.

03 novembro 2013

"UM LUGAR PARA OS DIAS"

Sábado, 2 de Novembro, no bar e livraria do cinema King, em Lisboa. Sessão de apresentação do novo livro de IRENE LUCÍLIA ANDRADE, figura das letras e cultura madeirenses com quem tivemos oportunidade de conviver, em 2011, quando da nossa deslocação à Madeira. Cinco dos nossos estiveram lá.