08 novembro 2013

MAIS HISTÓRIAS DO CERCO DE LISBOA




Antes ainda de perceber o andamento que José Saramago
 vai dar à História, a minha referência vai para  os fantásticos relatos, do género epistolar, eventualmente resultantes da "presença no cerco", em 1147, de Osberno, militar inglês, que "na sua bagagem trazia, junto das armas, o tinteiro, pergaminho e alguns livros", na suposição de Júlio de Castilho (p.10, prefácio de A. Vieira da Silva) e Arnulfo, cruzado também ele, participante da peleja que levou à conquista da cidade de Ulisipona (segundo a versão latina). De acordo com V. da Silva, Alexandre Herculano, quando escreveu o volume I da 1ª edição da sua História de Portugal (1846), ainda não conhecia o texto do documento manuscrito da Carta de Osberno, embora soubesse da sua existência. O códice de que faz parte encontrava-se (e poderá manter-se) na Biblioteca do Colégio do Corpo de Cristo, da Universidade de Cambridge; trata-se de uma cópia do século XIII e foi pela primeira vez publicada nos Portugaliae Monumenta Histórica, Scriptores, volumen I (1856), onde já aparecem notas de Alexandre Herculano, que terá insistido junto do Governo português para que encomendasse a necessária cópia do documento a um conceituado paleógrafo inglês.
 Enquanto o destinatário da Carta de Osberno permanecia na obscuridade, a Carta de Arnulfo é declaradamente dirigida a Milão, bispo dos Morinos (povo que habitava a região do Artois, em França).
Estas referências parecem-me extremamente interessantes, mesmo não tendo em conta o que historiadores e investigadores adiantaram posteriormente a 1936; também gostava de chamar a atenção para a gravura acima e para o aspeto do Castelo de S. Jorge antes da intervenção "criteriosa" da DGEMN, um pouco mais tarde, mas no enquadramento de valorização patriótica que o Estado Novo prosseguia.

4 comentários:

Manuel Nunes disse...

Herculano, mais que História, é poesia. Estes epistológrafos, aliás respeitáveis, são de outra extracção. Só conheço, e mal, a carta do inglês.

Maria Amélia disse...

Pois à Carta, ou Cartas iremos: Saramago não deixa a História, com as suas Fontes, por mãos alheias--bastos serão os índícios de nelas ter aurido a essência daquela ficção que o exímio revisor Raimundo Benvindo Silva tanto se empenha em escrutinar!

Manuel J. M. Nunes disse...

A carta de Osberno aqui:
http://www.arqnet.pt/portal/pessoais/cruzado_lisboa.html
Com a conhecida representação do cerco por ROQUE GAMEIRO. Estupenda a torre móvel!
---- E agora fecho a loja: vou encontrar-me com São Martinho.

Maria Amélia disse...

Bons encontros! E eu a pensar que não te fiavas na net!