27 janeiro 2014

TAMBÉM CLARICE LISPECTOR





Também ontem, na FCC, alheada dos azulejos, mas aproveitando ter ido ver a Aula Pública da Sofia (Projeto 10x10), andei pela livraria e trouxe o Catálogo da exposição sobre a Lispector, que tivémos oportunidade de visitar entre Abril e Junho de 2013 (e Perto do Coração Selvagem).
E não teria reparado nesta fotografia, na página 54, não fora o facto de o local da mesma ser a Villa San Michele em Capri: Clarice está sentada no parapeito do terraço exterior, com a mão esquerda pousada sobre o flanco da esfinge egípcia de granito, que Axel Munthe colocou no cimo do promontório, vigiando a Baía de Nápoles e o Vesúvio.
Clarice Lispector chegou a Nápoles em julho de 1944, iniciando o período de 16 anos longe do Brasil, enquanto acompanhava as missões diplomáticas do marido e escrevia.
Sem mais conjeturas, permitam-me que ligue esta imagem às palavras de Nélida Piñon, que a acompanhou até ao fim:

" Clarice era assim. Ia direto ao coração das palavras e dos sentimentos. Conhecia a linha reta para ser sincera. Por isso, quando o arpão do destino, naquela sexta feira de 1977, atingiu-lhe o coração às 10.20h da manhã, paralisando sua mão dentro da minha, compreendi que Clarice havia afinal esgotado o denso mistério que lhe frequentara a vida e a obra. E que embora a morte com a sua inapelável autoridade nos tivesse liberado para a tarefa de decifrar seu enigma--marca singular do seu luminoso génio--, tudo nela prometia resistir ao assédio da mais persistente exegese."

3 comentários:

Custódia C. disse...

Ando a tentar reconciliar-me com a Clarice ... tenho a "Hora da Estrela" na mesa de cabeceira ...

Bonitas fotografias.

Paula M. disse...

Tudo tudo se interliga... Como era fotogénica, a Clarice! Muito curioso!

Manuela Correia disse...

Concordo Paula. Mas penso que qualquer um de nós ficará bem, fotografado em Capri.