02 abril 2014

MEMORIAL DO CONVENTO

Dando início a um novo ciclo, desta feita conduzidos, não já pela peregrinação de Oríon no firmamento, mas por outros astros, tendo esta leitura em comum com a anterior o facto de nos remeter para dimensões que vão para além da História. Dimensões que, na realidade, vão para além de nós mesmos, e assim nos ampliam, ao infinito do possível essencial, da vida e da morte. 

Ficamos com Saramago, para já:

“A minha ideia, quando concebi o Memorial do Convento estava limitada à construção do convento e é depois que verifico que nessa mesma época um padre tinha a ideia de fazer uma máquina de voar. Então este facto modificou-o completamente… A partir daí, o romance tinha que ser diferente, completamente diferente. E toda a oposição entre o que cai e o que sobe, entre o pesado e o leve, o que quer voar e o que impede que voe; toda essa relação entre liberdade e autoridade, entre invenção e convenção, ganha uma dimensão que antes não estava nos meus propósitos e que modifica completamente o romance. Com essa figura que está entre os dois mundos, o que significa que está num terceiro, o mundo mais próximo da natureza, isto é, do ser natural, se é que existe. Acho que não existe. Todos somos seres culturais, por um olhar, por um entendimento, conseguimos ir mais fundo que a superfície das coisas. E isso, esse aspecto complexo, é o que impede que o Memorial seja lido em linha recta, porque exige constantemente outras leituras e outras interpretações.”

José Saramago

1 comentário:

Custódia C. disse...

"... é o que impede que o Memorial seja lido em linha recta, porque exige constantemente outras leituras e outras interpretações".

É que é mesmo isto...