18 setembro 2015

Moonlight


..."Depois, a lua surgiu por detrás dos montes. Era uma lua cheia, tão redonda e amarela como uma pedra incandescente. Não a larguei dos olhos enquanto ela se elevava no céu nocturno, não desviei o meu olhar enquanto ela não encontrou o seu lugar na escuridão."

08 setembro 2015

AINDA AS ONDAS E O NOSSO POLEIRO




O romance, «As Ondas» suscitou esta «instalação» da nossa amiga Bia, inspirada num trecho referente ao «nosso poleiro», p. 99 da sua edição. Entre o vai e vem das ondas e ritmos da vida, o nosso ponto de encontro, firmado no afecto e amizade de um enorme coração.

A LUA E SUAS HISTÓRIAS


"That's one small step for man, one giant leap for mankind."

Primeiro capítulo lido, e tudo parece orbitar na Lua, «A radiante Diana, (...)reflexo de tudo o que é escuro dentro de nós.», ponto de referência de um personagem «perdido», até onde a minha leitura alcançou. Nesse final dos anos 60, o Homem chega à Lua:

«Por coincidência, levei os últimos livros ao Chandler no mesmo dia em que os astronautas chegaram à Lua [20 de Julho de 1969]. (...)Nesse dia fazia imenso calor e não me pareceu haver mal nenhum  em gastar vinte cêntimos em duas cervejas.Sentei-me num banco livre ao balcão, junto a mais três ou quatro clientes habituais(...). Uma televisão a cores de ecrã enorme estava ligada e fazia brilhar as garrafas de rye e de bourbon quando estas reflectiam as imagens. Foi só por isso que testemunhei o acontecimento. Que vi as duas figuras acolchoadas a ensaiar  os primeiros passos naquele mundo sem ar, saltando por cima da paisagem que pareciam brinquedos, guiar um carrinho de golfe através da poeira, espetar uma bandeira no olho da que antes fora  a deusa do amor e da loucura. A radiante Diana (...). E depois falou o presidente [Richard Nixon ]. Com voz solene e sem expressão, declarou que se tratava do maior acontecimento desde que o homem era Homem. Os velhotes no bar fartaram-se de rir quando ele disse isso (...). Mas (...) havia uma coisa que ninguém podia refutar :desde o dia em que fora expulso do Paraíso, nunca Adão andara tão longe de casa.»

in, Paul Auster, O Palácio da Lua, Lisboa, editorial Presença, p.34

Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Aldrin

Velho sonho de descobrir o espaço, teve, contudo, os seus detractores, ou melhor os incrédulos, pouco confiantes nas novas tecnologias, tidas como facilmente manejadas pelos poderes: uma amiga dos meus pais, assistiu a tal evento, numa tasca alentejana, onde o proprietário fez o jeito de receber duas jovens lisboetas em arrojada viagem, talvez por ser  um homem moderno no Portugal profundo de 1969 e o seu estabelecimento possuir, já, televisão, certamente a branco-e-preto. A restante plateia, de velhos senhores, discutiam entre eles a verosimilhança das imagens, chegando à sábia conclusão  de que se tratava de um truque televisivo e um homem sensato não podia acreditar no que era exibido no pequeno ecrã.

Há outras versões destas descrenças, como a testemunhada pelo viajante/escritor, Paul Theroux, num comboio do Turcomenistão, por volta de 2006:

« O comboio partiu lentamente da estação de Asgabate e daí a minutos estávamos no deserto. O velho estava a monologar com o estudante.
- Diz[o velho] que há uns anos um astronauta foi à Lua- disse o estudante- era dos Estados Unidos. Quando chegou à Lua, ouviu um barulho estranho. Era um azan- a chamada para a oração, normalmente cantada por um muezim de uma mesquita.- O astronauta gravou-o. Quando voltou à Terra, os cientistas dos Estados Unidos analisaram-no e chegaram a pensar que era a voz do Profeta Maomé.
- Na Lua?
- Sim, na Lua.(...)
- Mais, diz que por causa disso o astronauta tornou-se muçulmano e começou a rezar cinco vezes por dia.
O velho estava de frente para mim, como que a desafiar-me a troçar da história.
- Nunca ouvi essa história- disse eu.
-Diz que acredita nela.(...)
Um erudito árabe disse-me uma vez que era um mito urbano persistente no Médio Oriente que Neil Armstrong, (...),se convertera ao Islão.»

in, Paul Theroux, Comboio -Fantasma para o Oriente, Lisboa, Quetzal, 2013, pp. 131/132




Que a Lua sempre foi matéria fascinante, atestam as inventivas narrativas de viagens, em forma de  letra ou imagem, concebidas muito antes de Aldrin e Armstrong  terem pisado o satélite resplandecente, ao vivo e a cores. Algumas são referidas por P. Auster ( pretexto de exibição de erudição desastrada  do personagem,dividido entre a  arrogância da exibição intelectual e uma imensa fomeca).
A cada um a sua Lua. Eu, prefiro-a banhada em prata nos céus de Verão.

Obras que relatam viagens à Lua:

Luciano de Samostata- História Verdadeira, séc. II DC


1516




1638


1657





1865




1901




  Le Voyage dans la Lune - Viagem à lua, com roteiro e direcção de Méliès 1902  



1953 e 1954



Le voyage dans la Lune, Méliès, 1902

01 setembro 2015

"Palácio da Lua" de Paul Auster, 25 Setembro - 20h30


"Foi no Verão em que o Homem caminhou pela primeira vez na Lua.
Eu era muito jovem nessa altura, mas não acreditava que viesse a haver um futuro. Queria viver perigosamente, pegar em mim e levar-me tão longe quanto possível e, depois, quando lá chegasse, logo veria o que me aconteceria."

In "Palácio da Lua" de Paul Auster