31 maio 2015

PARQUE DA PAZ, DA AMIZADE, E TUDO O RESTO É LITERATURA


Depois de “A Ronda da Noite”, a visita a Almada, Parque da Paz, lugar da leitura do Engenhoso Fidalgo no próximo dia 20. Saibam os Quixotes e as Dulcineias - já agora também os Sanchos -, que o recanto está escolhido, não muito longe dessa sugestão de pórticos e calçada romana que aí se apresenta na segunda fotografia.
São 60 hectares de relvados, caminhos e lagos onde a paz é possível. E há porcos que passeiam pela trela com os donos, e há o rio de azul não distante e sombras que se iluminam em frente de muros falantes. Poesia.
 

20 maio 2015

E AGORA, UMA COISA COMPLETAMENTE DIFERENTE!

Quem, de entre os participantes da aventura por Alfama, na senda de A História do Cerco de Lisboa, não se lembra do café-bazar ZAZOU? Recordo que foi uma pausa agradável; que quase tomámos posse do espaço. Espaço que parecia feito à medida de alguma futura tertúlia... (não estou certa, mas julgo que o D. Quixote veio depois...).
O que acontece é que uma amiga nossa, artista plástica de renome, Júlia Ventura, tomou conta do negócio (o nome agora é Houria), que pretende rentabilizar como local de encontro, num registo mais solto, ainda a auscultar a procura, oferecendo sobretudo um ambiente de bar/ café acolhedor, com um recanto oriental...mas cheio de caráter. Claro que me lembrei logo de NÓS!
Aberto desde o dia 15 deste mês, temos mais um espaço alternativo para o que der e vier (também para uns copos, para quem quiser! E vem aí o Sto António!).



                              Café - Bazar Houria, Calçada do Correio Velho, nº 7, Lisboa

19 maio 2015

E VENHAM MAIS DOIS

A Humilhação na Comunidade de Leitores da Biblioteca Casa da Horta (Cascais), 21 de Maio às 18:30. O Instinto Supremo apresentado por Sérgio Luís de Carvalho em mais uma sessão comemorativa de "Ler Ferreira de Castro 40 anos despois": 22 de Maio às 19:00 no MU.SA, Sintra. Com tudo isto a ronda da noite segue em marcha lenta.

15 maio 2015

A companhia militar do capitão Frans Banning Cocq e o tenente Willem van Ruytenburg

No ano passado, encontrei o capitão Frans Banning Cocq e o tenente Willem van Ruytenburg, em Amesterdão.
Convidei-os para a nossa sessão de leitura de maio.
A resposta foi "nim", coisas de holandeses.
Eu tentei, bem podem ver...


09 maio 2015

"A Ronda da Noite" de Agustina Bessa Luís, 29 de Maio-20h30


Maio é mês de rondas nocturnas. Pela pena  de Agustina, inspirada no pincel de Rembrandt, acompanhamos a vida de Martinho Nabasco e a sua perpétua ronda da noite (como diz a Paula aqui mais abaixo)...

04 maio 2015

DO RETRATO DO AUTOR E DA SUA BEM AMADA

Momentos que se fixam no decorrer dos tempos curtos: o autor e sua amada
Rembrandt, esboço, 1633

Saskia van Uylenburgh (1612-1642), esboço «A minha noiva de três dias » ,1630

Saskia como Flora-1635
Rembrandt, 1634

Rembrandt, 1640


Saskia com uma flor vermelha, 1641





Saskia , 1635






Rembrandt 1661
Rembrandt , 1643










AINDA A RONDA DA NOITE-retratos de grupo antes do retrato

O livro, por falta de intencional objectividade, é sinuoso. Assim é também a vida, afirmaria certamente a autora. Não é uma narrativa com princípio , meio e fim, mas uma história relativamente mal contada, constantemente a retomar inícios, cheia de inesperados , tiradas surpreendentes, voltas absurdas a raiar ora o ridículo, ora o trágico, onde os protagonistas,  não têm protagonismo, controlados por uma natureza de origem misteriosa, pelo legado familiar e social, pelas contingências históricas e sabe-se lá mais o quê.
Assim vive Martinho Nabasco, numa perpétua ronda da noite, em que os feixes luminosos são as mulheres da sua vida, a avó, Maria Rosa, a mãe , Paula, Judite,a mulher e finalmente Josefa,a empregada, que num ímpeto de asseio e despeito supremo, suprime as incógnitas da vida e da tela.

Para mim o mais interessante continua a ser o imponente quadro de Rembrandt, mestre holandês do barroco, que dá o mote e se integra no livro como chave que o desvenda(?): a obra é uma preparação para algo que virá, pleno de vida, de inexactidão, sombras do «chiaroscuro», de personagens que se preparam para um desfecho que virá ou não, de tenentes que se sobrepõem ao capitão, do feixe de luz que é a menina de vestido dourado, com as feições de Saskia, a amada esposa do pintor, falecida pouco antes da composição, que se desloca apressada para o lado oposto da tela, num fluir de vida, com os símbolos da companhia dos arcabuzeiros.Atrás, mal se vislumbrando, em bicos de pés, vendo-se apenas um olho e um boné, está o pintor.



Numa encenação tão cara à teatralidade barroca, a obra parece retratar os bastidores em preparação para a pose , esse último fremir antes do retrato final, solução controversa, em comparação com a sofisticada , mas «preparada »composição de Franz Hals, sua vizinha no Rijksmusem. Retrato para a posteridade das poderosas associações profissionais dos Países Baixos, primeira sociedade burguesa, onde se impõe o indivíduo pelo seu mérito, e como tal se glorifica, mesmo num retrato em conjunto de dirigentes de uma corporação ou membros de uma milícia cívica.

The Meagre Company, or The company of Captain Reinier Reael and Lieutenant Cornelis Michielsz Blaeuw (Amesterdão) , Franz Hals, 1633-37


Os síndicos da guilda dos fabricantes de tecidos, Rembrandt, 1662
Oficiais e sargentos da Guarda Cívica de Santo Adrianao, Harlem.Franz Hals, 1633


Lição de anatomia do Dr. Tulp, Rembrandt, 1633


Rembrandt dá-nos um momento de vida, assim como Velazquez nas «Meninas» (1656-57), um breve momento numa pose para a posteridade, no momento que antecede a composição ou durante a sua execução. Afinal o que é a vida, senão isso ?







Reprodução com indicações sobre os protagonistas do quadro:
http://edition.cnn.com/2013/04/11/world/europe/rijksmuseum-rembrandt-nightwatch-interactive/#index

Explicação sobre «A Ronda da Noite», inglês:
https://youtu.be/N9jj74aOr_Q

Sobre o livro: uma opinião-http://comunidade.sol.pt/blogs/cmilhazes/archive/2007/03/16/_2200_A-Ronda-da-Noite_2200_-de-Agustina-Bessa_2D00_Lu_ED00_s.aspx


"A RONDA DA NOITE"


Até ao fim somos amantes uns dos outros” – se não estou em erro, uma frase do livro de Agustina.
Aproveito para publicar umas fotos tiradas por um amigo meu no Rijksmuseum. E já agora, não se esqueçam da pintura portuguesa. Também temos por cá, na devida escala, os nossos Rijks, Louvre, Orsay, etc.