18 março 2021

Joe DiMaggio, ídolo de Santiago

Foto da net

Joe DiMaggio (1914-1999), um dos melhores jogadores americanos de basebol de sempre, é uma personagem muito presente no romance "O Velho e o Mar". Oriundo de uma família de emigrantes sicilianos, não seguiu os passos do pai que era pescador e optou por um dos desportos mais queridos na América, o basebol. Representando sempre o New York Yankees, na segunda metade da sua carreira, teve que lidar com graves problemas físicos, relacionados com um esporão ósseo no calcanhar e após uma temporada muito complicada, conseguiu voltar no ano seguinte às exibições de topo. Essa superação fez com que se tornasse um símbolo de força e resistência no seu país. DiMaggio ficou também conhecido socialmente pelo seu curto casamento com Marilyn Monroe. O divórcio, que fez correr muita tinta nos tabloides, fez sobressair o seu carácter elegante e digno, pois sempre se recusou a comentar e alimentar os mexericos daí decorrentes. A esse propósito, Paul Simon fez-lhe uma referência na canção “Mrs. Robinson”, tornada um êxito pela dupla Simon & Garfunkel

“…Where have you gone, Joe DiMaggio?
A nation turns its lonely eyes to you Ooo ooo ooo
What's that you say, Mrs. Robinson?
Joltin' Joe has left and gone away…”

(Simon & Garfunkel - Mrs. Robinson (from The Concert in Central Park)

No romance de Hemingway, Santiago tem como distração as notícias da Liga de Beisebol dos Estados Unidos, sobretudo no que diz respeito ao seu ídolo Joe DiMaggio. As notícias chegam através dos jornais e são tema recorrente na suas conversas com Manolim:

 “…Conta-me do beisebol- pediu o rapaz. Na liga americana são os Yankees, como eu disse- declarou o velho. Hoje, perderam- observou o rapaz. Isso não significa nada, o grande DiMaggio é sempre o mesmo- respondeu o velho…”

E dizia-lhe “… gostaria era de levar o grande DiMaggio a pescar…dizem que o pai dele era pescador. Talvez tivesse sido pobre como nós e percebesse…”   

Nos 3 dias que passa no mar após a pesca do espadarte, Santiago vai monologando e refere-se várias vezes ao basebolista:

 “… É o segundo dia de que não sei os resultados dos juegos, pensou. Mas preciso de ter confiança e devo ser digno do grande DiMaggio que tudo faz perfeitamente, mesmo com a dor de espora de osso no calcanhar. O que será espora de osso?...”

“…Julgas que o grande DiMaggio seria capaz de ficar com um peixe tanto tempo como eu com este? Tenho a certeza de que seria, e mais, pois que é jovem e forte. O pai dele era pescador. Mas a espora dor-lhe-i muito?...”

“… mas acho que o grande DiMaggio se orgulharia hoje de mim. Eu ‘não tinha esporas de osso’. Mas as mãos e as costas doem de verdade.- Que será uma ‘espora de osso’?, pensou. Talvez seja coisa de ter-se sem se saber…”

E quando mata o primeiro tubarão, “… Preciso de pensar. Porque nada mais me resta. Isso e o basebol. Gostava de saber se o grande DiMaggio gostaria da maneira como lhe acertei nos miolos. Não foi grande coisa. Qualquer o faria. Mas não achas que o estado das minhas mãos equivale às ‘espuelas’? Não posso saber, nunca sofri do calcanhar…”

e mais à frente a propósito do pecado, “…Não penses no pecado. É tarde demais para isso e há gente paga para pensar nele. Eles que pensem. Tu nasceste para pescador, como os peixes para serem pescados. S. Pedro era pescador, como o pai do grande DiMaggio…”

E tal como Joe DiMaggio na sua luta contra o esporão ósseo do calcanhar, também Santiago na sua aventura de 3 dias no mar, deu provas de força e resistência, quer na pesca do espadarte, quer na defesa do mesmo contra o ataque dos tubarões...

03 março 2021

"O Velho e o Mar", em versão animada


Em 1999, o realizador russo Aleksandr Petrov, produziu uma brilhante curta metragem de animação, baseada no romance “O Velho e o Mar”. Absolutamente maravilhoso!


02 março 2021

26 de Março - ”O Velho e o Mar” de Ernest Hemingway



Abri ao acaso e li:

“… As nuvens por cima de terra erguiam-se agora como serranias, e a costa era apenas uma longa linha verde com os montes azuis-cinzentos por detrás. A água era agora de um azul-escuro, tão escuro que era quase púrpura. Ao olhar para o interior das águas via o vermelho peneirar do plâncton nas águas sombrias e a estranha luz que o sol fazia. Observava as linhas, para vê-las sumir-se da vista pela água abaixo, e sentia-se feliz por ver tanto plâncton, o que significava peixe. A estranha luz do sol nas águas, com o sol já mais alto, queria dizer bom tempo, e o mesmo dizia a forma das nuvens sobre a terra. Mas o pássaro estava quase a perder-se ao longe, e nada aparecia à superfície das águas senão alguns sargaços amarelos e queimados do sol, e a purpurínea, pomposa, iridescente, gelatinosa vela de um argonauta flutuando junto do barco. Deitou-se de lado e depois endireitou-se. E flutuava consoladamente como uma bolha, com os seus longos e mortais filamentos cor de púrpura vogando um metro atrás na água…”

In ”O Velho e o Mar” de Ernest Hemingway– Edição “Livros do Brasil” Lisboa, pág.40


As sessões presenciais continuam suspensas, mas os livros estão disponíveis por aí para serem lidos…