21 setembro 2008

26 DE SETEMBRO, 21 HORAS - POESIA DE MIGUEL TORGA



LEZÍRIA

São duzentas mulheres, cantam não sei que mágoa
Que se debruça e já nem mostra o rosto.
Cantam, plantadas n`água,
Ao sol e à monda neste mês de Agosto.

Cantam o Norte e o Sul duma só vez.
Cantam baixo, e parece
Que na raiz humana dos seus pés
Qualquer coisa apodrece.

04 setembro 2008

26 DE SETEMBRO, 21 HORAS


Eu possuo preciosamente um amigo (o seu nome é Jacinto) que nasceu num palácio, com quarenta contos de renda em pingues terras de pão, azeite e gado.

EÇA DE QUEIRÓS, Civilização


A porta ficava ao fim do corredor, tinha uma chapazinha esmaltada, números pretos sobre fundo branco, não fosse isto um recatado quarto de hotel, sem luxos, fosse duzentos e dois o número da porta, e já o hóspede poderia chamar-se Jacinto e ser dono duma quinta em Tormes, não seriam estes episódios de Rua do Alecrim mas de Campos Elísios, à direita de quem sobe, como o Hotel Bragança, e só nisso é que se parecem.

JOSÉ SARAMAGO, O Ano da Morte de Ricardo Reis


Mas o palácio onde Jacinto nascera, e onde sempre habitara, era em Paris, nos Campos Elísios, nº 202.

EÇA DE QUEIRÓS, A Cidade e as Serras