“O hospital em que trabalhava era o mesmo a que muitas vezes na infância acompanhara o pai: antigo convento de relógio de junta de freguesia na fachada, pátio de plátanos oxidados, doentes de uniforme vagabundeando ao acaso tontos de calmantes, o sorriso gordo do porteiro a arrebitar os beiços para cima como se fosse voar: de tempos a tempos, metamorfoseado em cobrador, aquele Júpiter de sucessivas faces surgia-lhe à esquina da enfermaria de pasta de plástico no sovaco a estender um papelucho imperativo e suplicante:
- A quotazinha da Sociedade, senhor doutor….”
António Lobo Antunes in “Memória de Elefante”
3 comentários:
Aqui à volta com o meu trabalho, ainda não comecei a ler.
Mas hei-de lá chegar.
Eu já cheguei. Um dia na vida de um psiquiatra a precisar de um psiquiatra...E nós , leitores, a precisar de matéria para o debate. Aqui não falta.
Grande Noite!
Esta, do Arroseur Arrosé, que é como quem diz, do psiquiatra arrasado nas reviravoltas da análise, a auto e a de grupo, deste nosso também, actualizando e, por fim, citando, as formas, metafóricas e outras, de tão imaginativa e excessiva prosa, pela pena gloriosa do nosso prestimoso escrevente. Há direito a publicação ou nem por isso?
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