26 julho 2011

OS JARDINS ADORMECIDOS DA PATRIARCAL

Imagem de "Lugares Queirosianos", sítio da Biblioteca Nacional

No século XV este local era conhecido por Alto da Cotovia, onde, em finais do século XVII, o filho do marquês de Alegrete - João Gomes da Silva Teles, projectou a construção de um palácio, depois abandonado e ficando em ruínas, sendo em 1740 a lixeira do Bairro Alto.
Estas terras foram então vendidas à Companhia de Jesus, cujos padres limparam o local e mandaram construir o Colégio das Missões, depois destruído com o terramoto de Lisboa, de 1755. Aí se iniciou a nova Sé Patriarcal, mas sofreu um incêndio que a destruiu, ficando ao abandono. Por volta de 1789, o visconde de Vila Nova de Cerveira sugeriu o aproveitamento destas ruínas para a construção do Real Erário, a Tesouraria Central do Reino, mas cujas obras se tornaram tão dispendiosas que o projecto acabou por ser esquecido em 1797. Em 1830 era um local de entulho, que a Câmara mandou limpar para ali colocar uma praça. Construiu-se então um jardim com características românticas, segundo uma traça datada de 1853 e designada por Praça do Príncipe Real em 1859. Nos anos 50, foi chamada por Largo de D. Pedro V; e entre 1911 e 1919, de Praça Rio de Janeiro, tendo retomado o seu nome em homenagem ao filho primogénito de D. Maria II. Em 1861 iniciaram-se os trabalhos de terraplanagem da praça; em 1863 a Companhia das Águas terminou a construção do Reservatório de Água da Patriarcal que, para além de abastecer o jardim fazia a ligação com diversos chafarizes de Lisboa: Século, Loreto e S. Pedro de Alcântara. Em 1869 promoveu-se à iluminação e ajardinamento do local, segundo projecto do jardineiro João Francisco da Silva. O jardim com um área de 1,2 ha, foi concebido segundo o gosto romântico inglês e organizado à volta de um grande lago octogonal com repuxo. Nele se destacam várias espécies arbóreas, salientando-se o enorme cedro-do-Buçaco, o ex-libris da praça, com 20 metros de diâmetro. Possui canteiros de recorte simétrico com plantas e flores multicolores e pequenos arbustos. Oficialmente designado Jardim França Borges em 1915 quando ali colocaram um busto dedicado a este jornalista republicano em sua homenagem.

(Texto do sítio LISBOAVERDE, Câmara Municipal de Lisboa)

2 comentários:

Maria Amélia disse...

Boa achega para entendermos este local, por onde eu e a Joca cirandámos no sábado, em busca dos elos perdidos: a Patriarcal, que só deixou vestígios na toponímia e, sobretudo, o lugar do Moinho (ou Moinhos) de Vento, que acabámos por localizar (em vista de fonte que a Joca descobriu, a revista Panorama), na mesma área, hoje ocupada pelo jardim. Para o caso que nos ocupa, relacionado com O Primo Bazilio, sobra sempre uma dúvida: onde era a casa de Luiza e Jorge? Seria na Rua do Século? Ou outra? Há mais palpites?

Manuel disse...

Em que rua, em que rua... A nossa querida amiga das Luzes de Leonor não mora para aquelas bandas? Quem sabe se não seria na rua dela?
:)