21 junho 2015

LEITURA DO D. QUIXOTE EM ALMADA

Fotos: o livro, vista parcial do grupo, leitura pura e instalação com v de vitória
Fala do cónego para o cura no capitulo XLVII: «Nunca vi um livro de cavalarias que faça um corpo de fábula inteiro com todos os seus membros, de maneira que o meio se harmonize com o princípio, e o fim com o princípio e o meio; mas compõe-nos com tantos membros que mais parecem ter a intenção de formar uma quimera ou um monstro que formar uma figura proporcionada.»
Compare-se esta passagem de “D. Quixote” com Horácio, “Arte Poética”, 1-8: «Se um pintor quisesse juntar a uma cabeça humana um pescoço de cavalo e a membros de animais de toda a ordem aplicar plumas variegadas, de forma que terminasse em torpe e negro peixe a mulher de bela face, conteríeis vós o riso, ó meus amigos, se a ver tal espectáculo vos levassem? Pois crede-me, Pisões, em tudo a este quadro se assemelharia o livro, cujas ideias vãs se concebessem quais sonhos de doente, de tal modo que nem pés nem cabeça pudessem constituir uma só forma.»


18 junho 2015

ASSOBIO NA NOITE





Assobio na noite, o terceiro conto de O Belo Adormecido de Lídia Jorge, nossa leitura de junho. Referência, aparentemente desgarrada, a Caravaggio, a propósito, é certo, de estudos que o protagonista, Prof. Reinaldo Mateus (a gente pensa logo em Reynaldo dos Santos...), teria desenvolvido, sobretudo no seu quinto livro, cuja matéria versava sobre o famoso pintor lombardo.
E digo referência desgarrada, por me escapar o possível nexo que a escritora, de alguma forma críptica (pelo menos para mim), terá estabelecido com o desenrolar da história.
Assim, surgem, ao longo dos primeiros quatro parágrafos, três pontos que parecem importantes e dos quais se poderia esperar um papel estruturante da narrativa ou então, que eles se constituíssem como chaves de uma interpretação. Ora, a sensação final que colhi da leitura do conto foi a de um certo "desperdício", no sentido destas expetativas, legítimas ou não. É como se a autora nos deixasse pendurados nestas mesmas expetativas, optando por uma certa descontinuidade, de propósito ou não.
Esses pontos são os seguintes: (i) o sonho recorrente, no qual surge (ii) uma faca, que ele identifica como sendo a de Caravaggio, objeto mítico, no qual estaria gravada (iii) uma frase: Onde não há esperança, não há medo.
A partir de uma pesquisa mínima e de alguma reflexão percebe-se, em primeiro lugar, a riqueza argumentativa e bases de discussão contidas naqueles três pontos. Depois... fico à espera dos contributos de quem também não achar o assunto despiciente...

11 junho 2015

"O Belo Adormecido" de Lídia Jorge, 26 Junho - 20h30


No mês em que entramos no solstício de Verão, temos seis contos da Lídia Jorge para descobrir. O mais longo é o que dá o nome ao livro e conta a história de um encontro entre uma actriz já madura e um rapaz adolescente. 

Avancemos então para mais uma aventura literária …

07 junho 2015


NESTAS AREIAS, escreveu-se a história de Paulina e Brandão. Amores infelizes.
Na colina sobranceira, o edifício do Lazareto.
Artes de fotografia a ver passar a regata.
Outras leituras.

 

03 junho 2015

A VER ALMADA(S)











Átrios de Honra (?) das Gares Marítimas de Alcântara e Rocha do Conde de Óbidos (o Palácio respetivo a pontuar a encosta, atual Cruz Vermelha).Os fabulosos painéis de Almada Negreiros, ali à mercê da nossa vista, deleite estético, observação em busca de contextos, motivos, símbolos, intenções do artista. Composições, de maravilhosas (A Nau Catrineta...) a denunciantes (ou apenas descritivas?) de situações sociais, o mundo do trabalho duro à beira rio, a dor da despedida no embarque. Várias realidades, um mesmo mundo, aquele que o Estado Novo queria ver plasmado nas primeiras imagens que o estrangeiro captasse, ao desembarcar na capital, sendo também estas das últimas a fixar para quem partia...
Os painéis que abrem, para nós, estas janelas no Tempo e na Memória, não conseguem distrair-me completamente de uma outra vista, que o sol modela na Outra Margem: ao Almada contrapõe-se Almada, Al-Madan, fortaleza sobranceira ao Tejo de aurífero areal, lendário ou não. Eis as vistas.