12 meses, 12 livros e tanto, mas tanto mais…
Em Janeiro reunimos no restaurante "Flor do Bairro", fruto da alteração do dia e hora das nossas sessões. Tivemos que deixar o intimismo das sessões nocturnas de sexta-feira, numa das salas repletas de livros da biblioteca e passar para os sábados à tarde na sala multiusos, com a “nudez e frieza” que lhe está associada. Perdemos com a troca e ainda não estamos totalmente habituados ao novo espaço. Afinal foram 10 anos ombro a ombro com aquilo que de mais precioso nos leva ali: os livros!
No primeiro trimestre do ano chegou o ciclo “Neo-realismo na Literatura Portuguesa” e claro que não podiam faltar “Gaibéus”, de Alves Redol, “Esteiros”, de Soeiro Pereira Gomes e “Casa na Duna”, de Carlos de Oliveira. Imbuídos do espírito, não deixámos passar a oportunidade e rumámos a Vila Franca de Xira e Alhandra à procura dos “filhos dos homens que nunca foram meninos”…
Para o segundo trimestre decidimo-nos pela “Literatura de Expressão Anglófona “ e dissecámos nos 3 meses “O Adeus às Armas”, de Ernest Hemingway, “Boneca de Luxo”, de Truman Capote e “O Fio da Navalha" de Somerset Maugham.
Foi também um período intenso de actividades. Em Abril (e num dia de anos especial), fomos comemorar Eça de Queiroz e o 141º aniversário da publicação de O Crime do Padre Amaro, numa expedição a Leiria em torno de “A Rota d´O Crime”, alusiva ao entrecho do conhecido romance.
Entretanto, alguns dos nossos marcaram presença em duas sessões do ciclo de conversas “O escritor no seu labirinto”, na nossa Biblioteca, em Maio com Mário Carvalho e em Julho com Mário Zambujal.
Junho foi um daqueles meses que fica para a história da Comunidade: aconteceu a tão desejada visita a La Mancha. Cervantes, El Greco, D. Quixote e Sancho, tornaram-se finalmente realidade para os membros desta comunidade que há cerca de 2 anos, andam na demanda das aventuras do Cavaleiro da “triste figura”.
Com o Verão
chegaram os Russos (“Lolita”, de Vladimir Nabokov, “Margarita e o Mestre”, de
Mikhail Bulgakov e “A Morte de Ivan Ilitch”, de Leon Tolstoi), as altas
temperaturas e também muita animação. Começámos com uma extraordinária “viagem”
no Convento de Cristo em Tomar, com direito a cânticos à capela, teatro ambulante
e ceia medieval; “Reviver o passado em Almada”, levou o grupo à
margem sul numa digressão saudosista mas também renovadora; o habitual
“Concerto de Órgãos” no Convento de Mafra (este ano excepcionalmente bom!); um
memorável passeio pelas memórias citadinas da Paula, que nos levou do Martim
Moniz à Graça; um programa nocturno no museu da cidade, com uma sessão de cinema
ao ar livre “Les amants du pont neuf”, onde a bela Binoche não desiludiu, pese
embora o “disfarce” da personagem. A encerrar o Verão, vieram os fabulosos
concertos das sinfonias de Beethoven, no Terreiro do Paço. A música clássica
mesmo ali ao alcance dos dedos.
Para o último trimestre do ano guardámos os Brasileiros (“Budapeste”, de Chico Buarque, “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos e “Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres”, de Clarice Lispector) e terminámos com o já habitual jantar de convívio natalício, como manda a tradição.
Pelo meio aconteceram tantas
outras coisas. O Teatro de S. Carlos já é praticamente uma tradição anual, com
o seu fabuloso “Festival ao Largo”, a ganhar cada vez mais adeptos. Em Lisboa,
muitos foram os pretextos que nos levaram à descoberta da cidade, não só pelas
caminhadas no coração dos seus bairros, mas também na adesão às muitas
iniciativas culturais que ali acontecem. Os moinhos de maré de Corroios e
Seixal e a margem sul têm sido também um pólo de atracção para os membros desta
Comunidade, com várias visitas realizadas.
Festas Felizes caros Leitores!
“Tríptico de la Adoración de los Magos” - El Bosco, Hacia 1494. Grisalla, Museu do Prado
4 comentários:
Custódia
Bela e sentida resenha dos mtos acontecimentos de 2017.
Obrigada
Bia diz...
Magnífica reportagem, Custódia!
É bom relembrarmos um ano muito intenso e rico em tão diversas actividades.
Obrigada
Gostei do balanço. É curioso que as nossas actividades de 2016 tenham começado e terminado no mesmo lugar (restaurante Flor do Bairro), num caso por impedimento de nos reunirmos na biblioteca, no outro por mor do jantar dito de Natal. Contava referir-me ao caso em breve alocução final se não se tem verificado aquela súbita debandada da ala sul da mesa. Eu sei que há casas, famílias, tarefas a cumprir, animais domésticos que esperam pelos donos, etc., mas achei estranha a coisa... Para que conste, que eu não sou muito de me queixar.
Como tenho andado por outras "paragens", ainda não tinha tido a oportunidade de ver esta muito boa revisão do que foi, para muitos, o ano de 2016, relativamente às atividades da Comunidade e não só... No meu caso, numa aritmética muito simples de somar e subtrair, somando os momentos vividos individualmente ou com outros grupos e subtraindo os que não pude partilhar da comunidade, tenho um resultado pessoal muito positivo! Obrigada, Custódia, pela oportunidade do feliz balanço.
E Manuel...obrigada também, pelo que tens sido para nós. Não desistas de comunicar, há sempre alguém que gosta de te ouvir.
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