“… As nuvens por cima de
terra erguiam-se agora como serranias, e a costa era apenas uma longa linha
verde com os montes azuis-cinzentos por detrás. A água era agora de um azul-escuro,
tão escuro que era quase púrpura. Ao olhar para o interior das águas via o
vermelho peneirar do plâncton nas águas sombrias e a estranha luz que o sol
fazia. Observava as linhas, para vê-las sumir-se da vista pela água abaixo, e
sentia-se feliz por ver tanto plâncton, o que significava peixe. A estranha luz
do sol nas águas, com o sol já mais alto, queria dizer bom tempo, e o mesmo
dizia a forma das nuvens sobre a terra. Mas o pássaro estava quase a perder-se
ao longe, e nada aparecia à superfície das águas senão alguns sargaços amarelos
e queimados do sol, e a purpurínea, pomposa, iridescente, gelatinosa vela de um
argonauta flutuando junto do barco. Deitou-se de lado e depois endireitou-se. E
flutuava consoladamente como uma bolha, com os seus longos e mortais filamentos
cor de púrpura vogando um metro atrás na água…”
In ”O Velho e o Mar” de Ernest
Hemingway– Edição “Livros do Brasil” Lisboa, pág.40
As sessões presenciais
continuam suspensas, mas os livros estão disponíveis por aí para serem lidos…
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