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12 dezembro 2016

Loreley ...

Ilustração encontrada na net


" ... - Não estou certo de você não sabe. É uma pena que seu apelido seja Lóri, porque seu nome Loreley é mais bonito.Sabe quem era Loreley?
- Era alguém?
- Loreley é o nome de um personagem lendário do folclore alemão, cantado num belíssimo poema de Heine. A lenda diz que Loreley seduzia os pescadores com seus cânticos e eles terminavam morrendo no fundo do mar, já não me lembro mais de detalhes ..." 

in "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres" de Clarice Lispector.

Fiquei curiosa sobre o poema e procurei-o na internet. Em Português, encontrei apenas esta tradução de um blogger brasileiro,  R. S. Kahlmeyer-Mertens.

Eu não sei o sentido
De tristeza tão assaz
Por um conto de tempo ido
Que significado a mim não traz.
O ar fresco e profundo,
O Reno manso a fluir;
Das montanhas cintila o cimo;
Da tarde de sol, o luzir.
A mais bela moça sentada
Em maravilhoso lugar,
Seu cabelo dourado penteia,
Com o ouro dos adornos a lampejar.
Ela alisa louras cãs caídas aos ombros
E canta uma canção que alicia;
Há um assombro
Em sua poderosa melodia.
O navegante no pequeno navio,
Capturado por selvagem dor,
Não divisa o recife rochoso,
Só visa à face superior.
Creio, as ondas hão de arrastar
Ao fundo, navegante e barco
Eis o que, com seu cantar,
Loreley leva a ato.

02 dezembro 2016

"Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres" de Clarice Lispector - 17 de Dezembro às 15h00


Não a abrir, mas um pouco mais adiante:

" ... — usaria brincos? hesitou, pois queria orelhas apenas delicadas e simples, alguma coisa modestamente nua, hesitou mais: riqueza ainda maior seria a de esconder com os cabelos as orelhas de corça e torná-las secretas, mas não resistiu: descobriu-as, esticando os cabelos para trás das orelhas incongruentes e pálidas: rainha egípcia? não, toda ornada como as mulheres bíblicas, e havia também algo em seus olhos pintados que dizia com melancolia: decifra-me, meu amor, ou serei obrigada a devorar, e
agora pronta, vestida, o mais bonita quanto poderia chegar a sê-lo, vinha novamente a dúvida de ir ou não ao encontro com Ulisses — pronta, de braços pendentes, pensativa, iria ou não ao encontro? ..."

in "Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres" de Clarice Lispector