Impressão Digital - António Gedeão
Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandescente.
Inútil seguir vizinhos,
que ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.
Publicada por ser para ler,http://cno-lerparaser.blogspot.pt/2010/04/impressao-digital-antonio-gedeao.html
3 comentários:
Bia diz...
Não conhecia e é lindo.
Viva a fantasia e alguma, saudável loucura.
Obrigada.
Gostei de rever poema antigo e sempre novo. Obrigada, Paula, belíssima ideia.
E é isso a diversidade :)
Foi bom reler ...
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