LAZARILHO DE TORMES
Prólogo
Eu tenho por bem que coisas tão assinaladas e
talvez nunca ouvidas nem vistas cheguem ao conhecimento de muitos, e não fiquem
enterradas no esquecimento, porque pode ser que alguém ao lê-las encontre
qualquer coisa que lhe agrade, e deleitem aqueles que não as puderam
aprofundar. A este propósito diz Plínio que não há livro, por pior que seja,
que não tenha qualquer coisa de bom. Principalmente porque os gostos não são
todos iguais, e o que este não come , faz as delícias daquele. E assim, vemos
coisas desprezadas por uns que o não são por outros. Quer isto dizer que
nenhuma coisa se devia inutilizar ou desprezar, a não ser que fosse muito
detestável, mas, pelo contrário, comunicada a todos, mormente quando não prejudicasse
e podendo colher-se dela algum proveito. […]
É assim que lições de sempre (e atualíssimas...) nos chegam pela referência de Cervantes ao autor anónimo seu antecessor nas aventuras picarescas, mais propriamente ao Lazarilho de Tormes.
1 comentário:
E mais uma vez, umas leituras a levar a outras :)
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