PASSA UMA AVE DE SOMBRA
Avançar desfazendo
os nós dos nomes
aceitando a oferta nua
na sua abolição
Passa uma ave de sombra
entre as virilhas do sol
e sob a cálida abóboda
a duração redonda
nos seus anéis de pólen
flui sem ecos
A amêndoa do estio
consagra
a lentidão clara
do sossegado desejo
de não ser nada
Figuras Solares, 1996
1 comentário:
Em jeito de homenagem, não há como ler o grande Poeta que foi, ou antes é: "estou vivo e escrevo sol"... enquanto durar a Memória.
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