29 novembro 2014

LEITURAS DE 2015

1º Trimestre – Literatura do mundo

30 Janeiro – Fahrenheit 451, de Ray Bradbury
27 Fevereiro – Samarcanda, de Amin Maalouf
27 Março – A tia Julia e o escrevedor, de Mario Vargas Llosa

2º Trimestre – Literatura Portuguesa

24 Abril – Franceses, marinheiros e republicanos, de Filomena Marona Beja
29 Maio – A ronda da noite, de Agustina Bessa-Luís
26 Junho – O belo adormecido, de Lídia Jorge

3º Trimestre – Literatura do mundo

31 Julho – As ondas, de Virgínia Woolf
28 Agosto – As horas, de Michael Cunningham
25 Setembro – Palácio da lua, de Paul Auster

4º Trimestre – Literatura Portuguesa

30 Outubro – As pupilas do senhor reitor, de Júlio Dinis
27 Novembro – A noite e a madrugada, de Fernando Namora
18 Dezembro – A relíquia, de Eça de Queirós

20 novembro 2014

"O elefante evapora-se" de Haruki Murakami, 28 de Novembro às 21H

A abrir o conto: "Foi ao ler o jornal que fiquei a saber que o elefante da cidade tinha desaparecido sem deixar rasto. Nesse dia, como de costume, o meu despertador acordara-me às seis e treze. Uma vez a pé, fui à cozinha, fiz café e torrei pão, liguei o rádio na emissora norte-americana, abri o jornal em cima da mesa e comi as minhas torradas. Sou uma daquelas pessoas que tem por hábito ler o jornal de uma ponta à outra, a começar pela primeira página, por isso demorei o meu tempo até chegar ao artigo que falava do elefante desaparecido." 

17 novembro 2014

O efeito borboleta de umas "Lederhosen"


Devia ser em algo deste género que o Murakami pensou, quando se referia à hipótese de se imaginar um japonês vestido com umas "Lederhosen".
Nunca me passou pela cabeça que umas simples "Lederhosen" se pudessem transformar numa peça sinistra causadora de um divórcio ...

11 novembro 2014

CAVALOS DE CARTÃO

Já conhecíamos o cavalo de cartão de JOSÉ LUÍS PEIXOTO (Nenhum Olhar). O de LAURINDO  GÓIS está neste belo texto publicado no blogue A Curva dos Livros.

ETERNIDADE

Quando não sabia. Mas o cavalinho de cartão entrara um dia na história da sua vida. Quando deu por ele? E são muitos quando. Quando a  fotografia de contornos pesados e rigorosos do Amândio Fotógrafo lhe devolveu a imagem. Menino com cavalo, isso mesmo. A cara plena de espanto, o colete de veludo, obviamente macio, calção, camisa branca, meia branca, sapato de fivela. A condizer com qualquer coisa animal. A pata branca do cavalo, o selim igualmente branco, a luz nas ventas. O espanto, também. Cavalo…cavalo, o nome soou.

Mais tarde escreveria poemas dando-lhe prados maiores, veria cavalos correrem no grande ecrã, leria pinturas de cavalos em Júlio Pomar. Mas só mais tarde. O seu, de cartão e sonho quixotesco ficou agarrado ao minúsculo prado de madeira de pinho com rodízios. Quase um precipício.

Pediram-lhe que estivesse quietinho. Já  era, quietinho. E esteve mais. O momento era histórico. Sabia-o. Mas só sabia isso. Aquele era decididamente o momento. Susteve a respiração. Abriram-se-lhe instantaneamente duas luas de iluminação muito forte sobre o rosto. Ficou em décimos de segundo com as luas nos olhos. Disseram-lhe: “Já está”.


Foi a fotografia de menino com cavalo.  A única coisa verdadeiramente séria, certeira, que fez na vida. Interroga-se por vezes: fotografia? mas que é isso de fotografia? ainda não sabe. Gozou apenas aquele momento de menino-poeta-cavalo. Se a eternidade é. É aquilo: “já está”. E ele é, na marca do seu espanto aquele grão de eternidade.  

(Texto de Laurindo Góis)