A abrir
"No prédio do Tribunal, durante um intervalo
do julgamento do caso Melvinsky, os membros da Corte e o promotor reuniram-se
no gabinete de Ivan Yegorovich Shebek e a conversa recaiu sobre o famoso caso
Krasovsky. Fiodr Vassily Evich insistia em que o caso não estava sob sua
jurisdição, Ivan Yegorovich argumentava o contrário, enquanto Piotr Ivanovich,
como não estava na discussão desde o início, não tomava o partido de ninguém,
mas passava os olhos pelo Gazette, que tinham acabado de entregar.
– Senhores – exclamou. – Morreu Ivan
Ilitch.
– Não é possível!
– Está aqui. Pode ler – disse Piotr
Ivanovich, passando o jornal que ainda cheirava a tinta a Fiodr Vassilyevich.
Cercadas por uma borda preta, liam-se as
seguintes palavras:
É com profundo pesar que Praskovya
Fiodorovna participa a amigos e parentes a passagem de seu estimado esposo, Ivan
Ilitch Golovin, membro da Corte Suprema, que deixou esta vida no dia 04 de Fevereiro
do ano da graça de 1882. O enterro acontecerá na sexta-feira, à uma hora da
tarde..."
in "A Morte de Ivan Ilitch" de Leon Tolstoi
2 comentários:
Alternamos então leituras de 400 páginas, ou mais, daquelas que nunca mais acabam, com esta(s), que se fazem em poucas horas...ou estarei enganada e afinal, como na edição que utilizei, este conto (porque é um conto?)vem acolitado por outros dois, O Diabo e O Padre Sérgio, de seus títulos, os quais também são para digerir? E meus amigos, literatura à parte, este nosso Tolstoi não faz por menos com o objetivo de nos pôr a participar dos problemas existenciais que lhe devem ter devorado a vida! (Aqui entre nós, confesso: neste fim de verão, com algumas inesperadas peripécias, passava muito bem sem estes solavancos da alma...). Adiante.
Estou a agarrar-me a episódios humorísticos pontuais :)
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