01 junho 2017

NÓS, OS DE VONDELPARK

MANUEL TEIXEIRA-GOMES, novela Deus ex machina:
«Um dia que eu ficara de me encontrar em Vondel-Park – próximo ao Rijsks-Museum – com vários elegantes de ambos os sexos para dali seguirmos  em excursão de patinagem até Harlém, logo à entrada do parque, numa volta estreita e mal concorrida do lago, a atenção prendeu-se-me irresistivelmente numa rapariga encantadora, de farta e negra cabeleira solta, que patinava sozinha, e fiquei-me a contemplar-lhe os graciosos movimentos sem mais me lembrar de que a poucos metros de distância era impacientemente esperado por um numeroso grupo de amigos.» --- A acção desta novela decorre no Inverno de 1890. Cheguei a Vondelpark tarde de mais, precisamente na manhã do dia de Natal de 2013 – 123 anos depois de Manuel Teixeira-Gomes –, e já não vi a rapariga encantadora de farta e negra cabeleira solta. Naquela altura  o lago não estava gelado e àquela hora da manhã nenhuma rapariga por ali andava, mas alegrei-me de dar com a estátua do poeta Joost van den Vondel (1587-1679), figura maior do século de ouro holandês. É ele, como se percebe, que dá nome ao parque. A estátua, inaugurada em 1867, não teria passado despercebida ao escritor algarvio, mas que interesse podia ter a pedra e o bronze ante os movimentos graciosos da patinadora?  
     

2 comentários:

Custódia C. disse...

A pedra e o bronze ficam para a posteridade, já a rapariga ... só mesmo nas palavras do MTG!

Joca disse...

E eu estive lá em Junho de 2014, e nem um par de patins encontrei :)
Estava um tempo fabuloso, num verão estranho para os autócnes...
Os/as holandeses/as estavam em desvario para o Mundial 2014, no Brasil, e as ruas e os canais pintavam-se de cor de laranja.
O MTG teria gostado do ambiente...