Diário da Manhã, órgão oficioso da União Nacional salazarista, na sua edição de 9 de Maio de 1947
Uma das
perspectivas de Cântico Final, de
Vergílio Ferreira, é a que se prende com o debate sobre arte que nos anos do
pós-guerra teve lugar entre os intelectuais e artistas portugueses. No seio da
corrente neo-realista, preparavam-se as grandes polémicas dos anos cinquenta,
de que as referências aos críticos Ramiro e Rebelo se constituem como uma evidente
alusão ficcional. De interesse, a referência a uma das Exposições Gerais de
Artes Plásticas (talvez a de 1947),
certames que agregavam artistas independentes – leia-se, não vinculados às
iniciativas do SPN/SNI – procedentes de diversas orientações estéticas, do
neo-realismo ao abstracionismo. Em que corrente se integraria o “Galo” do
protagonista Mário?
Cerca de cem
artistas, não só de diversas tendências estéticas mas de diferentes ramos da
arte estiveram presentes na I Exposição, a de 1946. Ao princípio, o poder
constituído não desconfiou de nada; depois é que se deu conta do que ali se preparava
de subversivo. As EGAP realizaram-se
anualmente de 1946 a 1956, com excepção de 1952, ano em que a Socidade Nacional
de Belas-Artes se encontrava encerrada pela
PIDE.
1 comentário:
Interessante contexto.
As artes e o habitual negação política...
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