Ilha de S. Miguel, fotografia de Dezembro de 2015
O MEU MUNDO NÃO É DESTE REINO, capítulo 3, exemplo de uma das diversas alterações introduzidas pelo autor na edição de 2015:
«Cadete
garantia, por um sofisma da sua mente complicada, que a cor do mar dos Açores
era o branco. Porém, as crianças sustentavam que não existia nenhuma cor para
definir a eternidade da água. A sua contínua convulsão, ao ser remexida pelos
ventos invernosos da Ilha, com o branco da espuma a sobrepor-se à cinza do
Inverno, fazia com que o mar se assemelhasse a uma contínua e laboriosa
sucessão de ninhos de répteis em movimento flutuante sobre as cristas das
águas. Mais parecia uma paisagem picotada a pontos brancos, em toda a extensão
visual. » ------- 8ª edição, revista e
reescrita pelo autor.
«Cadete garantia, por uma espécie de sofisma da sua mente
complicada, que o mar dos Açores era branco. Porém, as crianças sustentavam que
nenhuma cor deste mundo podia definir a eternidade da água, porquanto essa
contínua convulsão aproximava o seu aspecto não da saliva das cobras e dos seus
ninhos, mas da humidade sem cor de qualquer réptil. Era um mar de rodilhas, um
mar asmático, de lixívia em tecidos puídos e sem obra, e a sua magríssima água,
rochosa e salina, expelia para a terra uma respiração de sono sem pálpebras.»
------- edições anteriores.