Sinopse
João de Melo apresenta-nos uma crónica dos prodígios que fazem a história de uma comunidade rural perdida algures nos Açores. Narrativa mítica, sem cronologia, que começa in illo tempore (em português arcaizante) e prossegue seguindo o fio das ocorrências fantásticas (a chuva dos noventa e nove dias, o dia em que os animais choraram, o dia em que se viu a outra face do sol, a morte e ressurreição de João Lázaro) e das vidas de personagens excessivos e arquetípicos (um padre venal, um regedor hercúleo e despótico, um curandeiro e um santo) que povoam um lugar perdido nas brumas do tempo, no outro lado da ilha, progressivamente devolvido à comunicação com o mundo.
8 comentários:
Ora vamos lá a este livro. Considero-o mais importante que "Gente Feliz com Lágrimas", explicarei depois porquê. Um manifesto surpreendente da "açorianidade" (ver Nemésio) povoado de todos os fantasmas e sobressaltos do nosso povo. A nossa colega Amélia, que se lembrou de escolher o autor (embora por outras vias), fará as despesas da noite. Ou seja, falará logo a abrir, o que, diga-se, é a forma mais nobre de participar no debate. Deixem-me rir: eu a perorar sobre estas coisas e há tanto sol lá fora. Ponto final.
Obrigada pelo "protagonismo" concedido, embora não me sinta nada à vontade, com o autor, que conheço muito mal, e ainda menos com a obra, que não escolhi, mas que a leitura das primeiras páginas me deixou um tanto assustada. Não lido muito bem com realismos fantásticos, se é disso que se trata. Enfim, é cedo para "perorar" sobre o assunto, espero que afinal o livro corresponda às expetativas. Coisa que não aconteceu com Gente Feliz com Lágrimas, lido entrementes. Enfim, o problema deve ser meu...
...E sim, o sol lá fora é mais importante que as minhas esquisitices!
Tenham todos um ótimo dia de sol!
Olha, Leitora, nem sabes no que estás metida. O escritor reescreveu a obra para a 8ª edição, de 2015. Se é este o livro que tens, congratulations. Se não é...
Como não vou estar na sessão de Agosto, não vou ler, porque não o tenho e porque aproveito para ler outros que tenho em espera...
Por isso espero que se manifestem por aqui ... que vou acompanhado a discussão se for o caso :)
Boa armadilha, lançada, de boa mente ou nem por isso, por quem escolheu o livro. Isto, no caso de as diferentes edições, ou só essa última, diferirem substancialmente. Bem, era giro ter uma sessão nessas condições, no mínimo inesperadas. Entretanto, verifiquemos as respetivas edições...
Pois. A minha edição (revisão) é de 1991...Círculo do Leitores, comprada no OLX. E, já agora, a respetiva leitura não me está a entusiasmar por aí além...
Li a 7ª edição de O meu Reino não é deste Mundo, desconhecendo que o escritor tinha reescrito o texto.
Lá terei de comprar a 8ª edição!
Devo confessar que adorei o texto e considero-o melhor que Gente feliz com lágrimas, aliás, para mim, este é o melhor livro de João de Melo. A subversão do texto bíblico expresso no título, deixando claro o isolamento da(s) ilha(s); o facto de ser(em) esquecida(s) pelo mundo exterior; a atmosfera vivencial construida entre o principio e o fim dos tempos; a forma como o realismo mágico nos induz e ajuda a questionar a existência para além dos limites do possível,parece-me que coloca esta narrativa na rota da discussão da açorianidade. Um livro magnifico que diz desse "povo aflito".
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