ADRIAEN BACKER, Lição de Anatomia do Dr. Frederik Ruysch (1670)
«O pintor conseguiu captar na expressão facial do jovem Ruysch a autoconfiança aliada à astúcia de comerciante. O corpo retratado está pronto para ser dissecado; em poucas palavras, o cadáver do homem ainda novo é fresco; parece estar vivo - a pele é de uma cor rosada e leitosa e em nada faz lembrar um cadáver; o joelho dobrado parece o movimento de um homem que, deitado nu e de costas, instintivamente tenta tapar as partes vergonhosas do corpo ante os olhares de estranhos. Trata-se do corpo de um enforcado, o ladrão Joris van Iperen.» - OLGA TOKARCZUK, Viagens, p. 189.
2 comentários:
A Olga é um bocadinho tenebrosa nestas viagens, não é? :)
Na literatura cabe tanto o belo como o horrível. E no caso deste quadro o horrível chega a ser belo. Veja-se o que é dito do cadáver: «o joelho dobrado parece o movimento de um homem que, deitado nu e de costas, instintivamente tenta tapar as partes vergonhosas do corpo ante os olhares de estranhos.» Estupendo!
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