“Lovers”
- Marc Chagall
Namorados
de Lisboa,
à beira
Tejo assentados,
a dormir
na Madragoa.
Namorados
de Lisboa,
num
mirante deslumbrados,
à beira
verde acordados.
Namorados
de Lisboa,
ao
Domingo uma cerveja,
uma
pevide salgada,
uma boca
que se beija
e que
nos sabe a cereja,
a
miséria adocicada,
à beira
parque plantada.
Namorados
de Lisboa,
sempre,
sempre apaixonados,
mesmo
que a tristeza doa,
namorados
de Lisboa.
Namorados
de Lisboa,
na
cadeira dum cinema,
onde as
mãos andam à toa,
à
procura de um poema,
namorados
de Lisboa,
que o
mistério não desvenda
até que
o escuro se acenda.
Namorados
de Lisboa,
a apertar
num vão de escada
o prazer
que nos magoa
e depois
não sabe a nada.
Namorados
de Lisboa,
a morar
num vão de escada.
Namorados
de Lisboa,
sempre,
sempre apaixonados,
mesmo
que a tristeza doa,
namorados
de Lisboa.
Ary dos
Santos
Poema
enviado pelo nosso Leitor Helder Maia
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