“…Nunca dormi tão
regalado sono em minha vida. Acordei no outro dia ao repicar incessante e
apressurado dos sinos da alcáçova. Saltei da cama, fui à janela, e dei com o
mais belo, o mais grandioso e, ao mesmo tempo, mais ameno quadro em que ainda
pus os olhos.
No fundo de um largo vale aprazível e sereno está o
sossegado leito do Tejo, cuja areia ruiva e resplandecente apenas se cobre de água junto às margens, donde se
debruçam, verdes e frescos ainda, os salgueiros que as ornam e defendem. De além do rio, com os pés no pingue nateiro
daquelas terras aluviais, os ricos olivedos de Alpiarça e Almeirim; depois, a
vila de D. Manuel e a sua charneca e as suas vinhas. De aquém a imensa planície
dita do Rossio, semeada de casas, de aldeias, de hortas, de grupos de árvores
silvestres, de pomares. Mais para a raiz do monte em cujo cimo estou, o
pitoresco bairro da Ribeira, com as suas casas e as suas igrejas, tão graciosas
vistas daqui, a sua cruz de Santa Iria e as memórias romanescas do seu alfageme…”
In “Viagens na Minha Terra” de Almeida Garett, Capítulo 28º
Foto minha de ontem, tirada da janela acima descrita, na
Fundação Passos Canavarro
Foto minha do azulejo, que penso representar a Ponte da Asseca, no mercado de Santarém
Foto minha da Fonte da Joaninha, no Vale de Santarém
Ontem, um pequeno grupo desta Comunidade seguiu os passos de
Garrett e foi de Lisboa a Santarém, não de barco e nem de azêmola, mas com o
mesmo interesse e curiosidade.
2 comentários:
Grande dia: também porque foi de prospecção com vista a uma ousada proposta à Comunidade, na senda do nosso Garretxi!
Quem quiser saber o porquê deste "GARRETXI" veja em:
www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/sergio_nazar_david.html
Et tout le reste est littérature ---lá dizia o Paul Verlaine.
Enviar um comentário