Aqui vão mais umas informações sobre a nossa autora:
"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo
altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está
querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de
outro..."
Em Maio
(1976), corre o boato de que a escritora não mais receberia jornalistas. José
Castello, biógrafo e escritor, nessa época trabalhando no jornal "O
Globo", mesmo assim telefona e consegue marcar um encontro. Após
muitas idas e vindas é recebido. Trava então o seguinte diálogo com Clarice:
J.C. "— Por que você escreve?
C.L. "— Vou lhe responder com outra pergunta: — Por que você bebe água?"
J.C. "— Por que bebo água? Porque tenho sede."
C.L. "— Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva."
J.C. "— Por que você escreve?
C.L. "— Vou lhe responder com outra pergunta: — Por que você bebe água?"
J.C. "— Por que bebo água? Porque tenho sede."
C.L. "— Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva."
http://www.releituras.com/clispector_bio.asp
“Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou
minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar
meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim
mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é
curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um
minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação
individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber
amor em troca [...].”
"... eu só escrevo quando eu
quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora.
Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então
em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter
minha liberdade."
11 comentários:
Escrever sem esperança? Escritora amadora? - É bom não acreditarmos em tudo o que eles dizem. :)
Eu até compreendo o sem esperança... é uma escrita que deriva das suas pulsões, sem objectivos sociais, digamos.
Quanto ao amadora...n/ sei. Era o ganha pão dela ao que parece.
Acudam... Eu estou numa de não acreditar em nada, nem nos escritores, quanto mais nos que escrevem em enésima mão sobre eles e os seus escritos!
"O que importa afinal: viver ou saber que se está vivendo?" (monólogo interior do capítulo O Banho) - Para a grande maioria é uma pergunta em 1ª mão.
Ora aí está uma boa questão! Primeiríssima.
E digo mais: enigma: o que aconteceu no Banho, que divide aquele relato em luz e sombra?
E eu a vê-los comentar :) Digam o que disserem, a Clarice libertou-vos do estado amorfo de ler e esperar. E de todos se soltaram palavras. :)
Então, menina da pantera pink slb, toma lá esta pela pena da maga:
"Cheguei finalmente a Lisboa. Não me agradou. Eu pensava encontrar coisa diferente. O Rio é milhões de vezes mais bonito e mais cidade. Os portugueses são paus. As portuguesas não se vestem bem, têm todas mandíbulas de cão e rosto meio duro. Estou chateada aqui."
-- Carta de Lisboa, 7 de Agosto de 1944, segunda-feira, para as irmãs Tânia e Elisa. -------------------
Sinto-me completamente liberto do meu amórfico estado.
É verdade...estamos a sair do estado catatónico (falo por mim) mas n/ vou tão longe que me intitule clariciana (Manel desde há muito a trocar-nos as voltas c/ os teus personagens...:)). Cá fico c as mandíbulas de cão e o rosto metade duro. Ela n/ percebe nada de beleza latina; é mulher e de origem eslava. Ora adeus!
Clarice,
Só tu me farias falar.
Nós que até nos conhecemos em abstracto. Clarice, não entendo por que não ardem de esperança o vazio das tuas palavras...
Eu quando escrevo, raramente, é na esperança que um texto, um verso, uma palavra, um som, alterem tudo. E redimam o mundo e as pessoas.
Delculpa lá Clarice, nós os poetas estamos querendo alterar as coisas. Não sabemos bem o quê, mas queremos.Isto quando sorrimos apenas ou escrevemos sem um compromisso aparente. É possível que o outro lado, ou seja, o mundo não creia muito em nós. Mas necessita de nós cada vez mais e nós dele e assim aparentemente existismos.
É verdade...Alguma coisa é alterada e, sem um sentido muito prático, faz-nos bem. Talvez seja a comunhão das almas.
Se ela n/ queria nada alterar...pois alterou muito...pelas palavras...
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