«(...) foi servido um conjunto de acepipes muito variados(...) sobre a baixela das entradas estava colocado um burro de bronze de Corinto com um duplo cabaz, contendo, um azeitonas verdes e, o outro, azeitonas pretas. Por cima do burrinho, duas travessas, dispostas em tecto, com o nome de Trimalquião e o seu peso em prata gravados nos bordos. Pranchas ligadas suportavam leirões polvilhados de mel e dormideira. Havia também salsichas ferventes numa grelha de prata e, por baixo da grelha, ameixas da Síria com bagos de romã.(...).»
«A estas palavras, quatro dançarinos avançaram ao som de música e tiraram a tampa da baixela. Vimos então, no fundo, aves de capoeira , tetas
(sic) e, no meio, uma lebre ornamentada de penas, que a tornavam parecida com Pégaso. (...) nos cantos da baixela, quatro Mársias[ sátiros], segurando pequenos odres donde se escapava uma salmoura apimentada que escorria sobre peixes que nadavam nessa espécie de euripo. (...)»
« Um grupo de declamadores entrou imediatamente (...). Trimalquião sentou-se numa almofada e, enquanto os homeristas dialogavam em versos gregos (...) ele lia o libreto latino, salmodiando. Depois, pedindo silêncio, disse:
- Sabeis que história estão eles a declamar? Diomedes e Ganimedes eram irmãos. A sua irmã era Helena. Agaménnon raptou-a e ofereceu em troca, a Diana, uma corça. E agora Homero conta como os Troianos e os Parentinos andam em guerra. Naturalmente o vencedor foi Agaménnon e casou a sua filha com Aquiles.(...)»
[Um pouco mais tarde, após outros efeitos cénicos de grande impacto]:« (...) olhei para a mesa. Já aí tinham colocado uma bandeja com bolos; no meio erguia-se um Priapo de pastelaria, cuja veste (...) estava carregada de frutas de toda a espécie e de cachos de uvas.(...) Todos os bolos e todos os frutos, assim que foram tocados, começaram a deitar suco de açafrão e o jacto importuno chegou mesmo até nós.»
Petrónio, S
atíricon, s.l., Europa América, 1973