Petrónio acordou cerca do meio-dia e, como de costume, extremamente moído: na véspera assistira a um festim no palácio de Nero. Há já algum tempo que a sua saúde deixava muito a desejar e que ao despertar não se sentia bem-disposto. Mas o banho matinal e uma boa massagem conseguiam sempre activar-lhe a circulação preguiçosa do sangue e reanimar-lhe as forças, de modo que ao sair do oleothequium (a última sala do banho) parecia remoçado, os olhos brilhavam-lhe e o seu aspecto era tão vigoroso que nem o próprio Otão poderia com ele rivalizar. Merecia então, e muito justificadamente, o seu qualificativo de Árbitro das Elegâncias.
---- Já estou a ler. Nunca é tarde.
12 comentários:
Ah ah ah ah!
A influência da nossa amiga!
Ontem de manhã falámos neste colosso, à mesa do café. À noite, quando a casa já estava em silêncio, fui à estante buscar o meu "Quo Vadis", que me foi oferecido em 1976 e que na altura devorei. Recomecei a ler!
E o Satyricon a ficar para trás ... mas já está na mesa de cabeceira :)
Outras leituras, que não esta, "ecoaram" na minha adolescência. Acho que nem era sequer um grande leitor, pelo menos se comparado com a nossa amiga. :)
Ainda acrescento ao comentário anterior: lembrei-me agora,em 2012, num belo dia de neura e à falta de outro material, com preguiça de ir à biblioteca, reli o Quo Vadis, edição dos anos 50, que para aqui vai estando...E repito: nem andei na catequese! Continuei a gostar do Petrónio do Sienkiewicz, árbitro das elegâncias.
Sabem (Wikipédia dixit) que entre 1902 e 2001 há cerca de 5 versões cinematográficas do Quo Vadis?(italianas, francesas, americanas e polacas). Já o «nosso» Satiricon tem apenas 2, mas compreende-se...
Atenção:também não sou de Estatística.
Olha, Paula, estou a gostar. Não sei é se conseguirei acabar até sexta. E ainda agora comecei o Satiricon.
A sessão com o António Pinho Vargas foi interessante.
Mas que grande conversa, a que me apetece juntar a minha voz...sim, eu também li o Quo Vadis não me lembro quando, ouvi na radionovela quando andava na catequese, vi no cinema e na tv...Mas só vou ter tempo de ler Satyricon (na edição que estou a ler), de Titus Petronius Niger. :)
Bem o Satiricon já cá canta...como quem diz. Muito impróprio para con- sumo de catequistas e afins. De vez em quando aparecem obras ,em todas as épocas, empenhadas em subverter as regras do que se tem por bom bosto, boa educação, o politicamente correcto dos nossos dias, . Desorganizar para reorganizar?Não sei.
Quanto ao Fellini, adormeci ontem a visioná-lo...n/ sei se aguentarei:)Já são sátiros a mais.
Ainda bem que a sessão com o A. Pinho Vargas foi interessante. Então, quais os livros da vida dele? Alguma analogia c/ estas recordações de filmes e livros de tenra idade que temos estado aqui a desenrolar? Tb leu o Quo Vadis?
Nem "Quo Vadis", nem Proust, nem "Satiricon"! Fernando Pessoa ortónimo e heterónimo, Camilo (se bem me lembro), Saramago do "Ensaio sobre a Cegueira", Philip Roth e "Ana Karenina" aos 40 anos (!).
Bonitas intervenções da nossa Custódia, da neófita Maria João e do sempre inesperado Lau.
O autor deste comentário também avançou com algumas ideias feitas em torno dos lugares-comuns do costume.
Acabou em ágape, ou prândio, que não "cena trimalchionis", embora os pratos tenham sido vários e o vinho - que não era de Falerno, mas de Pegões - haja corrido com abundância, pelo menos para alguns...
Já percebi que o Sábado se prolongou e bem :)
Também gostei da sessão, um pouco mais virada à música do que aos livros ... mas a verdade é que era um compositor que ali estava e o pensamento fugia-lhe das palavras para as pautas :)
Boa, boa! Também quero entrar na conversa (outra vez): Quo Vadis à parte, porque, pelo menos para mim não é o momento certo para reler (à maneira do Pinho Vargas, nem devia fazê-lo, para "preservar" a Memória!!!), concordo com a Paula quanto a O Satiricon e respetivas sequelas. Claro que já era tempo de o ler, pois é daqueles livros que algumas gerações conhecem de outiva e pouco mais.(Alguns afinal já o tinham lido). Quanto ao Pinho Vargas: só para dizer que, como é natural, nem todos acharam a sessão interessante; antes uma grande seca, por razões que tomariam muito espaço, também psicológico e talvez pusessem as pessoas mal humoradas para o resto do dia, o que é um desperdício com este sol maravilhoso! Já quanto à assistência, com exceção para a minha pessoa, portou-se lindamente, a compôr o ramalhete, com perguntas inteligentes.
Ora ainda bem que, se a sessão n/ foi assim TÂO interessante (como diz a Custódia é um homem da música e n/ das letras), a nossa comunidade teve intervenções à altura e o menino Manuel Adamastor n/ precisa de se escudar atrás de falsos pudores (este mês n/ é para isso...com uma obra deste teor)sobre o valor que a sua intervenção certa/ teve.Seguido de ceia regada...É o que se quer :)
Curiosa essa afirmação do P. Vargas (referida pela Amélia) de que n/ se devem reler os livros p/ preservar a memória...A minha é selectiva: releio uns (alguns muitas vezes), outros nem pensar. ..
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