06 maio 2013

"ARTE DE AMAR" de OVÍDIO - LIVRO DO MÊS - EXCERTOS CINEGÉTICOS


Se gostas de caçar,
é sobretudo nos anfiteatros
que a caça é abundante.
Oferecem-te os teatros
muito mais do que possas desejar.
Aí encontrarás
desde o divertimento inconsequente
à mulher a quem amas realmente,
desde a amada que desejas conservar
àquela a quem apalpas fugazmente.

Públio OVÍDIO Nasão, Arte de Amar, tradução de NATÁLIA CORREIA e DAVID MOURÃO FERREIRA, Lisboa, Vega, 1990, p. 21.

 
Se acaso te inquirir uma donzela
quem são aqueles reis,
que montanhas, que rios, que lugares
figuram nas imagens transportadas,
responde sempre,
responde mesmo sem que ela te pergunte;
fala como se a fundo conhecesses
o que nem pela rama tu conheces;

IDEM, Ibidem, p. 29.

 
Para quê enumerar tantas reuniões
propícias à caça das mulheres?
Os numerosos grãos de areia
mais facilmente contarei.

IDEM, Ibidem, p. 31.
 

8 comentários:

Joca disse...

O fundo da foto é muito bonito. "A arte não faz mais que imitar o acaso..." :)

Manuel Nunes disse...

"Renunciar ao que se deseja é frequentemente uma virtude". Quando ao fundo da foto, é, como se percebe, uma coberta de cama. :)

Paula M. disse...

Sempre houve manuais para tudo. Já que estamos em exercícios cinegéticos, recomendo os famosos Livros de Cetraria (caça com falcão), presentes nas nossas bibliotecas reais.
A técnica n/ deve estar longe: fixar a presa, conservá-la sob controle (pelo menos visual) e zás! atacar no momento propício!
O livro fica bem enquadrado na colcha, objectiva e subjectivamente.
Os caminhos por onde estes clássicos nos levam!

Manuel Nunes disse...

Boa! Presumidos caçadores é o que há mais por aí, mas nem sequer leram os "livros da ensinança". Vou ser mais preciso: "Obras dos Príncipes de Avis", Lello & Irmão Editores - falcoaria, cetraria e altanaria(artes de criar e adestrar falcões), montaria (caça a cavalo). --- Vem tudo no meu manual de Literatura Portuguesa Medieval :).
Por fim, só me ocorre dizer: quem não tem falcão,ou cão, que cace com gato. Mas que seja digno das "ensinanças" dos Príncipes de Avis! :) :).

Maria Amélia disse...

Só um comentário em relação ao fundo: (os fundos em que as coisas se movem ou estanciam, é importante)logo nele reparei, claro, mas não identifiquei bem, porque artesanal não era e, colcha de cama...Só no propósito da imaginação, o que é tão válido como outra coisa qualquer.

Manuel Nunes disse...

Pela imaginação é que vamos (o poeta dizia "pelo sonho"). Quanto à cama, com ou sem colcha, é boa para sonhar.
Songe et mensonge (Lamartine).

Custódia C. disse...

Repetindo, como diz Sebastião "Pelo sonho é que vamos" .. talvez por isso não goste de manuais. Nunca gostei :)
Vou tentar a reconciliação com Ovídeo!

Paula M. disse...

Pois este Ovídio é todo método: antecipa o pragmatismo dos manuais americanos- como fazer tudo e mais alguma coisa e ser, naturalmente, bem sucedido...