Da solidão das órbitas humanas:
« E assim prosseguimos com as nossas vidas, cada um para o seu lado. Por mais profunda que seja a perda, por mais importante que seja aquilo que a vida nos roubou (...), e ainda que nos tenhamos convertido em pessoas completamente diferentes, conservando apenas a mesma fina camada exterior de pele, apesar de tudo isso continuamos a viver as nossas vidas, assim, no silêncio, estendendo as mãos para chegar ao fio dos dias que nos coube em sorte, para logo o deixarmos irremediavelmente para trás. repetindo, muitas vezes, (...) o trabalho de todos os dias, deixando na nossa esteira um sentimento de um incomensurável vazio.»
Haruki Murakami, Sputnick, Meu Amor, Alfragide, Bis- Leya, 2012, pp.260/261
Será o amor uma mera quimera: milhares de seres em órbitas sem nexo aparente, que se chocam aqui e ali e depois continuam a sua trajectória louca , desencontrada e solitária.. e alegadamente «normal»?
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