Amin Maalouf, nascido em 1949, em Beirute, tem as suas origens familiares nas culturas árabes muçulmanas e cristãs do Líbano, esse pedaço da Terra, onde a guerra sempre se cruzou com as migrações de povos e um intenso tráfego comercial. Vive desde 1976, em Paris, fugindo de um palco de guerra civil onde as lutas nos campos religioso e politico, são ainda uma realidade. A sua fluência em árabe e o conhecimento profundo da História do Médio Oriente, faz dele um embaixador privilegiado de uma cultura que seduz, interpela e para a qual o ocidente olha e muitas vezes não compreende.
Não sendo historiador, toda a sua obra literária vai beber no Oriente, a inspiração, a linguagem poética e a luz que o tornam tão lido e traduzido em todo o mundo.
Quem ler Samarcanda, mergulha num universo poético e carregado de simbolismo, onde vemos as personagens moverem-se em cenários de lutas pelo poder, conhecimento, intrigas de haréns, assassinatos políticos e sectarismos que espalham o terror. A vida humana parece ficar ao sabor de vontades mesquinhas ou sublimes. Pelo meio uma história de amor, que nos toca e cujo final trágico nos coloca perante o estatuto tão diversificado que a mulher sempre desempenhou na cultura árabe islâmica.
Samarcanda remete-nos para a Rota da Seda, a cultura persa e turca, o poeta, astrónomo e filósofo Uma-I Khayyãm (1048-1132) e para a seita dos assassinos e o seu refúgio de Alamut.
O Islão, já estava dividido entre os seguidores de Omar, companheiro do Profeta Maomé (sunitas) e Ali, genro do Profeta (xiitas). Do ramo xiita, surgia com violência a facção Ismaelita. Corria o século XII e na Europa, preparavam-se as cruzadas. Na Península Ibérica, o Califado de Córdova, desmembrava-se em pequenos reinos, as Taifas. No espaço onde surgirá Portugal, Afonso Henriques, nasce em 1109.
O livro, Umar-i Kahayyãm “RUBAÃ’IYAT”, única tradução directa do original persa para português, da autoria de Halima Naimova, nascida no Tajiquistão, república da ex- URSS e minha professora na Universidade Católica.
O prefácio do livro:
Terá sido neste relato belíssimo que Oscar Wilde, se inspirou para escrever o final do conto O Gigante Egoísta? Foi o primeiro livro que li. Gosto de imaginar que sim!
“…A criança sorriu para o Gigante e lhe disse:
- Você me deixou, certa vez, brincar em seu jardim, e hoje você irá comigo para ao meu jardim que é o Paraíso.
Naquela tarde, quando as crianças chegaram correndo, encontraram o Gigante morto, deitado debaixo da árvore, todo coberto por flores brancas.”
O meu amigo Joaquim Castilho, viajante incansável, que já esteve em Samarcanda, permitiu o acesso a:
Photoblog: http://quim.aminus3.com/
E ao filme:
Manuela Correia- Membro da Comunidade de Leitores
3 comentários:
Obrigada Manuela, por partilhares connosco a tua paixão pelo tema ...
Óptima contextualização. gostei muito, assim como das fotos do teu amigo tanto as de Samarcanda como as de Lisboa. Um livro que faz sonhar.
Uma sessão que promete e - isso sim - faz sonhar. Infelizmente e felizmente (há sempre anverso e verso) não estarei por cá na data da sua realização. Vou-me preparando para "A tia Júlia e o escrevedor" e aí, sim, terão de se encontrar comigo. :)
Força, Manuela!
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