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12 fevereiro 2015

Samarcanda, um outro olhar

Amin Maalouf, nascido em 1949, em Beirute, tem as suas origens familiares nas culturas árabes muçulmanas e cristãs do Líbano, esse pedaço da Terra, onde a guerra sempre se cruzou com as migrações de povos e um intenso tráfego comercial. Vive desde 1976, em Paris, fugindo de um palco de guerra civil onde as lutas nos campos religioso e politico, são ainda uma realidade. A sua fluência em árabe e o conhecimento profundo da História do Médio Oriente, faz dele um embaixador privilegiado de uma cultura que seduz, interpela e para a qual o ocidente olha e muitas vezes não compreende.
Não sendo historiador, toda a sua obra literária vai beber no Oriente, a inspiração, a linguagem poética e a luz que o tornam tão lido e traduzido em todo o mundo. 
Quem ler Samarcanda, mergulha num universo poético e carregado de simbolismo, onde vemos as personagens moverem-se em cenários de lutas pelo poder, conhecimento, intrigas de haréns, assassinatos políticos e sectarismos que espalham o terror. A vida humana parece ficar ao sabor de vontades mesquinhas ou sublimes. Pelo meio uma história de amor, que nos toca e cujo final trágico nos coloca perante o estatuto tão diversificado que a mulher sempre desempenhou na cultura árabe islâmica. 
Samarcanda remete-nos para a Rota da Seda, a cultura persa e turca, o poeta, astrónomo e filósofo Uma-I Khayyãm (1048-1132) e para a seita dos assassinos e o seu refúgio de Alamut. 
O Islão, já estava dividido entre os seguidores de Omar, companheiro do Profeta Maomé (sunitas) e Ali, genro do Profeta (xiitas). Do ramo xiita, surgia com violência a facção Ismaelita. Corria o século XII e na Europa, preparavam-se as cruzadas. Na Península Ibérica, o Califado de Córdova, desmembrava-se em pequenos reinos, as Taifas. No espaço onde surgirá Portugal, Afonso Henriques, nasce em 1109.

O livro, Umar-i Kahayyãm “RUBAÃ’IYAT”, única tradução directa do original persa para português, da autoria de Halima Naimova, nascida no Tajiquistão, república da ex- URSS e minha professora na Universidade Católica.
O prefácio do livro:

Terá sido neste relato belíssimo que Oscar Wilde, se inspirou para escrever o final do conto O Gigante Egoísta? Foi o primeiro livro que li. Gosto de imaginar que sim!

“…A criança sorriu para o Gigante e lhe disse:

- Você me deixou, certa vez, brincar em seu jardim, e hoje você irá comigo para ao meu jardim que é o Paraíso.

Naquela tarde, quando as crianças chegaram correndo, encontraram o Gigante morto, deitado debaixo da árvore, todo coberto por flores brancas.”

O meu amigo Joaquim Castilho, viajante incansável, que já esteve em Samarcanda, permitiu o acesso a:

E ao filme:

Manuela Correia- Membro da Comunidade de Leitores

08 fevereiro 2015

Samarcanda




Iluminura persa



Samarcanda, cidade das encruzilhadas de rotas e impérios, de «(...) densos vergéis e cristalinos riachos. Depois, aqui e além, o arremesso de um minarete de tijolo, uma cúpula cinzelada de sombra, a brancura de um muro de belvedere. E, à beira de um lago, acobertada pelos chorões, uma banhista nua que expunha a sua cabeleira ao vento abrasador.» Amin Maalouf, Samarcanda, p. 21.
Entre reis mongóis e e príncipes seljúcidas que ascendem como uma onda, para se desfazerem em pó, entre belas cidades, onde o sol  faz refulgir os azulejos esmaltados e os amantes se escondem nos jardins perfumados, seguimos o sábio Omar Khayam:


Azulejo de Kashan
Que homem jamais transgrediu a Tua Lei, diz-me!
Uma vida sem pecado, que gosto tem ela, diz-me!
Se punes pelo mal o mal que eu fiz,
Qual a diferença entre ti e mim, diz-me!

O nosso livro transporta-nos para uma diferente cultura, para o fascinante e encantado Oriente, que tem captado as imaginações ocidentais (o tal Orientalismo tão criticado por Edward Said, como estereótipo prejudicial à região). Pode ser que Said tenha razão, mas o encanto provém também da admiração por uma cultura com um passado florescente.


Kashan, nicho de oração, finais do séc. XIII. Museu Gulbenkian, Lisboa



Samarcanda (?) pintura do séc. XIX Vasily Vereshchagin, 
Ispaão- Praça de Naqsh Jahan  de Pascal Coste , início do séc. XIX

Bucara- muralhas

Horoscope of Prince Iskandar, grandson of Tamerlane, the Turkman Mongol conqueror.

Bowl with prince on horseback, Seljuq period (1040–1196), 12th–13th century. Metropolitan Museum , N. Y.




05 fevereiro 2015

"Samarcanda", Amin Maalouf, - 27 de fevereiro - 21 H

 
A abrir:

"No fundo do Atlântico, há um livro. É a sua história que eu vou contar.
Talvez lhe conheçais o desenlace, os jornais relataram-no na época, algumas obras mencionaram-no desde então: quando o Titanic se afundou, na noite de 14 para 15 de Abril de 1912, ao largo da Terra Nova, a mais prestigiosa das vítimas era um livro, exemplar único dos robaiyat de Omar Khayyam, sábio persa, poeta, astrónomo."

"E agora passeia o teu olhar por sobre Samarcanda! Não é deveras rainha da Terra? Altiva, acima de todas as cidades, e nas mãos dela os seus destinos?" 

Edgar Allan Poe (1809-1849)