“…Seu Florismal... Para
Eugênio, esse nome tinha um secreto encanto. Florismal aparecia quase todas as
noites, chegava muito calmo, fumando o seu charuto de tostão, e ia logo
sentar-se na cadeira de balanço. Era um homem baixo, de cabelos ralos, quase
calvo. No rosto gorducho e redondo, a barba forte era sempre uma sombra
azulada, mesmo quando ele se escanhoava. Os dentes eram maus e miúdos. Florismal
tinha uma voz macia e uma certa dignidade de estadista. Era um espírito
conciliador e gabava-se de ter muita lábia. «Nasci para advogado - dizia. - Se
eu tivesse tido mais um pouco de juízo quando moço...» Calava-se, entortava a
cabeça, batia a cinza do charuto e ficava em atitude sonhadora. Decerto via
mentalmente o seu passado, os seus erros e uma carreira perdida. Ou então
pensava apenas no efeito que aquelas palavras e aquela sugestiva postura podiam
estar produzindo nos interlocutores…”
In “Olhai os Lírios do Campo”
de Erico Veríssimo -Pág 21, Edição “Livros do Brasil” Lisboa
1 comentário:
A Primeira Parte do romance já relida. Excelente a construção psicológica da personagem Eugénio. Um grande livro!
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