01 junho 2021

25 de Junho – “Olhai os Lírios do Campo” de Erico Veríssimo – 20h00

 



Abri ao acaso e li:

“…Seu Florismal... Para Eugênio, esse nome tinha um secreto encanto. Florismal aparecia quase todas as noites, chegava muito calmo, fumando o seu charuto de tostão, e ia logo sentar-se na cadeira de balanço. Era um homem baixo, de cabelos ralos, quase calvo. No rosto gorducho e redondo, a barba forte era sempre uma sombra azulada, mesmo quando ele se escanhoava. Os dentes eram maus e miúdos. Florismal tinha uma voz macia e uma certa dignidade de estadista. Era um espírito conciliador e gabava-se de ter muita lábia. «Nasci para advogado - dizia. - Se eu tivesse tido mais um pouco de juízo quando moço...» Calava-se, entortava a cabeça, batia a cinza do charuto e ficava em atitude sonhadora. Decerto via mentalmente o seu passado, os seus erros e uma carreira perdida. Ou então pensava apenas no efeito que aquelas palavras e aquela sugestiva postura podiam estar produzindo nos interlocutores…”

 

In “Olhai os Lírios do Campo” de Erico Veríssimo -Pág 21, Edição “Livros do Brasil” Lisboa

1 comentário:

Manuel Nunes disse...

A Primeira Parte do romance já relida. Excelente a construção psicológica da personagem Eugénio. Um grande livro!