29 novembro 2011

Contos de Natal - CHARLES DICKENS - 16 de Dezembro

"O Natal do Senhor Scrooge" e "Os Sinos de Ano Novo" - contos de Natal de Dickens. Podem ser lidos na Colecção Mil Folhas do Público. O título Balada do Natal (Editorial Gleba) corresponde ao primeiro daqueles contos.

AINDA A SESSÃO DA MADEIRA

Notícia e comunicações dos membros da Comunidade em:

www.bprmadeira.org/site/index.php/noticias/1234-aconteceu

24 novembro 2011

IMAGENS DO OCEANO DE SOLARIS II

Algumas outras criações do oceano, as quais são muito mais raras e de duração muito variável, separam-se por completo do corpo que as gerou. As primeiras descobertas destas “independentes” foram consideradas – erradamente, como mais tarde se provou – restos de criaturas que vivem nas profundezas do oceano. (…) Nas saliências rochosas de uma ilha aparecem ocasionalmente estranhos corpos semelhantes a focas, estendidos ao sol ou arrastando-se preguiçosamente até voltarem a fundir-se com o oceano.

LEM, Stanislaw - Solaris, Mem Martins, Publicações Europa-América, 2003, p. 134.

18 novembro 2011

"SOLARIS" de Stanislaw Lem - 25 de Novembro, 21 horas


Estou a ler com interesse este romance do subgénero ficção científica que é o nosso livro do mês. Acabei de entrar no capítulo VI, “The Little Apocrypha”, encontrando uma referência cultural de vulto: nada mais nada menos que a Martinho Lutero (1483-1546), frade agostinho, professor de Sagradas Escrituras em Wittenberg (lembram-se de Hamlet?), intimado pela bula Exsurge Domini a retractar-se das suas noventa e cinco teses contra a virtude das indulgências concedidas pelo Papa aos contribuidores para as obras de reconstrução da Basílica de São Pedro.
Num diálogo entre Snow, um perito em cibernética da Estação Solaris, e Kris Kelvin, psicólogo chegado da Terra, pergunta o primeiro, aludindo à forma possível de o seu interlocutor afastar uma inquietante aparição que o obsidiava: “Tentou a corda, o martelo? Ou o tinteiro com boa pontaria, como Lutero?”.
Isto porque Lutero, num dos seus retiros espirituais, terá sido visitado pelo diabo que lhe entregou uma extensa lista dos seus pecados. O frade pecador examinou-a, mas num acesso de cólera contra o tentador arremessou-lhe um frasco de tinta vermelha que estava sobre a sua escrivaninha. Parece que o mafarrico terá metido o rabo entre as pernas e retrocedido sem delongas para as profundezas infernais.
Continuemos a leitura.

17 novembro 2011

PLANO DE LEITURAS PARA 2012


1º trimestre
Janeiro – Ficções de Jorge Luís Borges
Fevereiro – Quando Nietzsche Chorou de Irvin D. Yalom
Março – A Brasileira de Prazins de Camilo Castelo Branco
2º trimestre – Autores portugueses contemporâneos
Abril – O Ouro dos Corcundas de Paulo Moreiras
Maio – O Bazar Alemão de Helena Marques
Junho – Quando o Diabo Reza de Mário de Carvalho
3º trimestre – Clássicos
Julho - Fedra de Eurípedes
Agosto – O Príncipe de Nicolau Maquiavel
Setembro – O Elogio da Loucura de Erasmo de Roterdão
4º trimestre – Autores brasileiros
Outubro – Seara Vermelha de Jorge Amado
Novembro – Perto do Coração Selvagem de Clarice Lispector
Dezembro – Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis

Nota: as sessões de leitura realizam-se na última sexta-feira de cada mês a partir das 21 horas.

16 novembro 2011

CABRAL DO NASCIMENTO - Homem de ilha e de continente

Funchal, 14 de Novembro de 2011 - Elementos da Comunidade de Leitores no dia da sessão sobre Cabral do Nascimento

Devo dizer que não li muito de Cabral do Nascimento. A obra em que mais me detive, praticamente a única, foi no Cancioneiro de 1943, constituída por quarenta e oito poemas em que emergem os grandes eixos temáticos da sua lírica: a fugacidade do tempo; a condição do homem esmagado entre o passado e o futuro; a Ilha como prisão de quem anda à solta, as grades líquidas que tolhem e projectam o poeta para o circulo alto das palavras e dos sentimentos, porque, como diz com desconcertante simplicidade, o mar ficava no horizonte; e a vida, supremo bem que não se domina, abelha de Ferreira de Castro em Eternidade e borboleta da “Canção Dorida” em Cancioneiro.
Escreveu Maria Mónica Teixeira que Cabral do Nascimento sentiu como um homem de ilha e de continente. Portanto, foi um poeta do chão inteiro da língua portuguesa, língua que começou a formar-se nos cancioneiros medievais que ele tão bem conhecia e amava, sabendo nós, desde Fernando Pessoa, que a língua é a única pátria possível dos poetas.
Perguntava-me uma jornalista madeirense, momentos antes de iniciarmos a sessão, se eu achava que Cabral do Nascimento devia ser estudado nas escolas. Respondi-lhe que sim, pensando embora que o esquecimento é nuvem negra que se abate sobre os poetas e que nos tempos sem alma em que vivemos talvez nem o próprio Camões tenha o seu lugar garantido nos compêndios.

11 novembro 2011

SOLARIS - UM MAR DE EMOÇÕES

Donatas Banionis e Natalya Bordarchuc em Solaris (1972) de Andrei Tarkovsky

Um filme belíssimo de que muito gostei. Solaris – um mar de emoções atravessado pelas sombras fúlgidas de Cervantes, Tosltoi e Dostoievski. Neutrinos e átomos – a dialéctica do reencontro do amor.

E de seguida… a Madeira de Machim e Ana de Arfert.


02 novembro 2011

CABRAL DO NASCIMENTO: mais poesia




CANTIGA

Deixa-te estar na minha vida
Como um navio sobre o mar.

Se o vento sopra e rasga as velas
E a noite é gélida e comprida
E a voz ecoa das procelas,
Deixa-te estar na minha vida.

Se erguem as ondas mãos de espuma
Aos céus, em cólera incontida,
E o ar se tolda e cresce a bruma,
Deixa-te estar na minha vida.

À praia, um dia, erma e esquecida,
Hei, com amor, de te levar.
Deixa-te estar na minha vida
Como um navio sobre o mar.



Cancioneiro, 1943; Cancioneiro, 1963
In Cancioneiro, 1976

A Comunidade vai à Madeira...

... em busca de Cabral de Nascimento, o Poeta que, da palavra, fez a sua ferramenta. Biografia aqui.
Cabral do Nascimento por Abel Manta, descaradamente roubado ao Disperso Escrevedor

O Faroleiro

Apenas este ilhéu é que é pequeno
O resto é tudo grande: o tédio, a vida,
O dia enorme, a noite mais comprida,
E o mar, calmo ou feroz, rude ou sereno;

O tempo, esse narcótico veneno,
A dor, essa letárgica bebida,
O desejo, essa voz enrouquecida,
E a saudade, o distante e branco aceno.

Tudo profundo, imenso, na amplidão,
Eterno quási na desolação
E sobrenatural na solidão.

A luz vermelha a reflectir-se além…
Nenhum vapor que vai, nenhum que vem…
Farol e faroleiro - e mais ninguém