24 novembro 2011

IMAGENS DO OCEANO DE SOLARIS II

Algumas outras criações do oceano, as quais são muito mais raras e de duração muito variável, separam-se por completo do corpo que as gerou. As primeiras descobertas destas “independentes” foram consideradas – erradamente, como mais tarde se provou – restos de criaturas que vivem nas profundezas do oceano. (…) Nas saliências rochosas de uma ilha aparecem ocasionalmente estranhos corpos semelhantes a focas, estendidos ao sol ou arrastando-se preguiçosamente até voltarem a fundir-se com o oceano.

LEM, Stanislaw - Solaris, Mem Martins, Publicações Europa-América, 2003, p. 134.

2 comentários:

Maria Amélia disse...

Um dos personagens de Solaris refere uma coisa muito interessante: a humanidade tem apenas como referência o que conhece de si mesma, da terra onde vive e do que lhe é dado conhecer do universo. Quando procura vida, ou seja o que for noutros planetas, é sempre a si mesma que procura.
Julgo que é pela ficção que se manifestam estas moções colectivas. Independentemente de outras considerações, estes seres que se fundem com o oceano parecem-se demais com lobos marinhos numa paisagem austral...

Manolo disse...

Sim, somos seres autotélicos, até na concepção de Deus (antropoformismo, por exemplo). - Daí talvez a questão do "deus imperfeito", o "velho mimóide", assuntos tratados no último capítulo do livro. -------Mas que digo eu? Será que percebi o livro? E será que ele foi escrito para ser percebido?