HÁ TRÊS ANOS, apresentando na Gulbenkian a antologia organizada por CLARA ROCHA com o título A CANETA QUE ESCREVE E A QUE
PRESCREVE – DOENÇA E MEDICINA NA LITERATURA PORTUGESA, disse João Lobo Antunes
que os alunos de uma sua unidade lectiva na Faculdade de Medicina de Lisboa –
qualquer coisa como "MEDICINA E LITERATURA" – desconheciam quase em absoluto a
personagem João Semana de Júlio Dinis. Lembrei-me disto – que ouvi directamente
do professor (não me foi contado) – , no momento em que re-re-re-releio As
Pupilas do Senhor Reitor, romance parcialmente escrito em Ovar, numa casa
rural que hoje está dentro da cidade, onde o autor presenciou os amores ingénuos dos camponeses, as
desfolhadas, a vida de aldeia. É romance fraquinho, têm-me dito. A opinião de
Eça não era diferente, se avaliarmos pelo que deixou escrito na morte do grande
escritor: “Viveu de leve, escreveu de leve, morreu de leve”. Que posso fazer?
Deixar aqui algumas imagens de mestre Roque Gameiro (1864-1935) que ilustraram
edições de As Pupilas com a certeza de que tão belas aguarelas não podem provir de um romance
vulgar.
4 comentários:
Já agora, vejam isto
http://tribop.pt/ARG/Pupilas%20SR/3v-TP00%20Pupilas.html
Já fui ver as restantes aguarelas. São belíssimas e praticamente transformam o romance num folhetim fotográfico.
Afinal foi em formato folhetim que ele foi inicialmente publicado não é verdade?
Se o romance é leve? Talvez! Mas a leveza não lhe tira de todo a beleza! (E rimou!)
O nosso querido Eça terá talvez sido, também ele, leve, na apreciação que deixou...
Leve na apreciação e talvez algum preconceito...talvez Júlio Diniz não fosse um militante aguerrido da escola realista...isto digo eu, sem comparar datas e sem ter ainda começado a (re)ler a obra.
Parece-me que a dita gozou de popularidade, pelo menos até ao início do séc. XX e veja-se a adaptação ao cinema de Leitão de Barros de 1935.
Bia diz...
... nem mais, Custódia!
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