02 outubro 2019

“A Capital” de Eça de Queirós - 25 Outubro às 21h00



A abrir:

“A estação de Ovar, no caminho de ferro do Norte, estava muito silenciosa, pelas seis horas da tarde, antes da chegada do comboio do Porto.
A uma extremidade da plataforma, um rapaz magro de olhos grandes e melancólicos, a face toda branca da frialdade de Outubro, com uma das mãos metida no bolso de um velho paletó cor de pinhão, a outra vergando contra o chão uma bengalinha envernizada, examinava o céu. De manhã chovera e a tarde ia caindo com uma suavidade muito pura. Laivos rosados esbatiam-se nas alturas como pinceladas de carmim muito diluído em água, e longe, sobre o mar, para além da linha escura dos pinheirais, por trás de grossas nuvens tocadas ao centro de tons de sanguínea e orladas de ouro vivo, subiam quatro fortes raios de sol, divergentes e decorativos que o rapaz magro comparava às flechas ricamente dispostas de um troféu luminoso…”

In “A Capital” de Eça de Queirós

2 comentários:

Emanuel disse...

Já completamente embrenhado nas venturas e desventuras de Artur Corvelo, o rapaz do paletó cor de pinhão. Há muito a dizer sobre este livro. Também eu, em Maio deste ano, fiz a estrada que vai de Oliveira de Azeméis à estação de Ovar. Não foi de "char-à-bancs", não, nem vi à janela do comboio nenhuma senhora que pudesse comparar-se à Baronesa de Pedralva...

Custódia C. disse...

Mas deves ter visto certamente, outras coisas interessantes :):):)