06 dezembro 2020

"AS PÁLIDAS COLINAS DE NAGASÁQUI" (1982) - ALGUNS TÓPICOS

O romance de Kazuo Ishiguro deixa  várias interrogações ao leitor: – Qual o destino de Sachiko e sua filha Mariko? Que vida era a de Niki em Londres e, sobretudo, a de Keiko em Manchester? Qual o sentido profundo das inquietantes recordações de Etsuko, narradora e protagonista?

O romance desenvolve-se em dois planos de tempo e espaço: o do tempo presente (Inglaterra),  fim da década de setenta ou princípios da de oitenta; e o do tempo recordado (Japão), um certo Verão dos primeiros anos do pós-guerra.

É clara ao longo da história a oposição entre os valores do Japão tradicional e os da sociedade que se seguiu à rendição, o interesse pela América triunfante e a sua cultura – como se vê pelo confronto entre Ogata-San e Shigeo Matsuda (Capítulo 9 da Parte Dois) e a persistente atracção de Sachiko pelo “sonho americano”, pela grande nação onde a filha poderia vir a ser uma mulher de negócios ou uma actriz bem sucedida.

A penetração da cultura americana no Japão destroçado (há referências ao ataque nuclear e às suas consequências) está igualmente presente no segundo romance de Ishiguro, Um Artista do Mundo Flutuante (1986), num episódio de 1948 em que o neto do narrador, nas suas brincadeiras, adopta a figura de um cowboy (Lone Ranger), desprezando os ensinamentos heróicos dos antigos samurais.

----- E agora, lançados estes tópicos, dizei, leitores, como vão as vossas leituras.

 

2 comentários:

Custódia C. disse...

Ainda não posso dizer nada porque não passei do início. Vou ler mais no final da próxima semana...

Manuel Nunes disse...

Acabei de ler o segundo romance de Ishiguro, "Um artista do mundo flutuante". Achei-o melhor do que as "Pálidas Colinas", mas há temas comuns: os anos difíceis do pós-guerra, a ocupação americana, as tradições e o seu abandono. O livro está dividido em 4 partes: Outubro de 1948, Abril de 1949, Novembro de 1949 e Junho de 1950. Sendo narrado por um pintor, há interessantes juízos sobre arte e o comprometimento político dos artistas. A seguir vou para "Os despojos do dia", um romance que me parece já inglês.