O romance
desenvolve-se em dois planos de tempo e espaço: o do tempo presente (Inglaterra), fim da década de setenta ou princípios da de
oitenta; e o do tempo recordado (Japão), um certo Verão dos primeiros anos do
pós-guerra.
É clara ao
longo da história a oposição entre os valores do Japão tradicional e os da
sociedade que se seguiu à rendição, o interesse pela América triunfante e a sua
cultura – como se vê pelo confronto entre Ogata-San e Shigeo Matsuda (Capítulo
9 da Parte Dois) e a persistente atracção de Sachiko pelo “sonho americano”,
pela grande nação onde a filha poderia vir a ser uma mulher de negócios ou uma
actriz bem sucedida.
A penetração
da cultura americana no Japão destroçado (há referências ao ataque
nuclear e às suas consequências) está igualmente presente no segundo romance de
Ishiguro, Um Artista do Mundo Flutuante (1986),
num episódio de 1948 em que o neto do narrador, nas suas brincadeiras, adopta a
figura de um cowboy (Lone Ranger), desprezando
os ensinamentos heróicos dos antigos samurais.
----- E agora, lançados estes tópicos, dizei, leitores, como vão as vossas leituras.
2 comentários:
Ainda não posso dizer nada porque não passei do início. Vou ler mais no final da próxima semana...
Acabei de ler o segundo romance de Ishiguro, "Um artista do mundo flutuante". Achei-o melhor do que as "Pálidas Colinas", mas há temas comuns: os anos difíceis do pós-guerra, a ocupação americana, as tradições e o seu abandono. O livro está dividido em 4 partes: Outubro de 1948, Abril de 1949, Novembro de 1949 e Junho de 1950. Sendo narrado por um pintor, há interessantes juízos sobre arte e o comprometimento político dos artistas. A seguir vou para "Os despojos do dia", um romance que me parece já inglês.
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