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27 fevereiro 2020

AINDA A SIBILA - MAIS COISAS PROSAICAS

Hoje, em Portugal (e em quase todo o mundo), com a divulgação de um modo de vida urbano e globalizado, diluiram-se, quase até à extinção, as caraterísticas que marcavam a diversidade social de norte a sul. No entanto, ainda é possível identificar, nos vestígios materiais (e imateriais), diferenças fundamentais que, na minha opinião, separavam, de forma decisiva, o Norte e o Sul (o Mondego como linha separadora, de acordo com Orlando Ribeiro, à parte todas as nuances regionais). Pessoalmente, quanto mais aprofundava o reconhecimento da lógica patente nas estruturas sociais e culturais nortenhas, através dos estudos etnográficos, da literatura e da arquitetura subsistente, maior era a perplexidade face às diferenças fundamentais, que descobria, para além do que unia uma população nacional maioritariamente camponesa.
Um exemplo que aproveito para acrescentar, é o do moinho, que também surge em A Sibila. Embora o tipo de que aqui se trata--o moinho de água de rodízio, também se encontrasse na região de Lisboa (saloia, portanto), era designado azenha, diferenciando-se assim do moinho de vento, o qual marcava sobretudo a paisagem meridional.
Uma vez mais, apresento o exemplo encontrado, ainda a funcionar, em Rio de Onor, tipo largamente difundido nas aldeias e que aproveitava, de forma simples, a torrente das linhas de água, por simples desvio. Quer dizer, sem as complicações que as azenhas de roda lateral implicavam, em zonas onde a água não fosse tão abundante. Recordo, a este propósito, o sistema utilizado nos moinhos de maré, que visitámos, e se baseia no mesmo princípio deste exemplo.

A parte inferior, o rodízio que gira movido pela água, a que se chama INFERNO
(desenho de F. Galhano, em Dias, J., Rio de Onor)

Moinho de Rio de Onor, com o canal tosco de desvio da torrente. A represa faz parte  do sistema

O interior, ainda com todos os elementos a funcionar

24 fevereiro 2020

AINDA A SIBILA - COISAS PROSAICAS

Do ambiente doméstico provinciano descrito por Agustina, vão-se destacando referências recorrentes à organização espacial dos interiores e a peças de mobiliário muito próprias daquelas latitudes onde decorre o romance. Uma dessas peças é o escano ou preguiceiro. Trata-se de um banco especial, em madeira, multifuncional, para instalar na  cozinha (compartimento que não se assemelha ao que chamamos cozinha hoje, nem à congénere do sul). Lembrei-me então de partilhar o que recolhi há algum tempo, a propósito de Rio de Onor, uma aldeia de fronteira, em Trás-Os-Montes, em Jorge Dias e na experiência de uma visita à aldeia, que já perdeu, evidentemente, toda a vivência comunitária e pastoril que a caraterizava. No entanto, na casa onde pernoitámos, havia um par de escanos diferentes, os quais, embora fora do seu contexto original, ainda testemunham um certo modo de vida. Um deles tem uma mesa rebatível e uma gaveta lateral; o outro, um armário integrado com a porta disfarçada. Para além de reunir à beira do fogo uma parte da família, o escano servia também para alguém mais felizardo dormir à beira do lume nas noites de inverno...







08 fevereiro 2020

"A Sibila" de Agustina Bessa Luís - 28 de Fevereiro às 21h00


Sinopse


No norte de Portugal, em finais do século XIX, na propriedade da Vessada, há já muito tempo que são as mulheres que, perante a indolência e os sonhos de evasão que os homens alimentam, asseguram como podem a gestão da propriedade. Quina era uma adolescente franzina e inculta, que desde cedo participava nos trabalhos do campo ao lado dos trabalhadores. Com a morte do pai, com a propriedade quase em abandono, Quina passa a ter que ter uma ainda maior responsabilidade na administração da mesma. Graças ao seu esforço a todos os níveis, começa a acumular de novo a riqueza que seu pai desperdiçara, o que lhe vale a admiração da sociedade. Quina era uma pessoa lúcida, astuta e sempre em demandas, o que faz com que esta se torne conhecida por Sibila…