Do ambiente doméstico provinciano descrito por Agustina, vão-se destacando referências recorrentes à organização espacial dos interiores e a peças de mobiliário muito próprias daquelas latitudes onde decorre o romance. Uma dessas peças é o escano ou preguiceiro. Trata-se de um banco especial, em madeira, multifuncional, para instalar na cozinha (compartimento que não se assemelha ao que chamamos cozinha hoje, nem à congénere do sul). Lembrei-me então de partilhar o que recolhi há algum tempo, a propósito de Rio de Onor, uma aldeia de fronteira, em Trás-Os-Montes, em Jorge Dias e na experiência de uma visita à aldeia, que já perdeu, evidentemente, toda a vivência comunitária e pastoril que a caraterizava. No entanto, na casa onde pernoitámos, havia um par de escanos diferentes, os quais, embora fora do seu contexto original, ainda testemunham um certo modo de vida. Um deles tem uma mesa rebatível e uma gaveta lateral; o outro, um armário integrado com a porta disfarçada. Para além de reunir à beira do fogo uma parte da família, o escano servia também para alguém mais felizardo dormir à beira do lume nas noites de inverno...
2 comentários:
Estava a ler agora mesmo, um momento em que Emílio ou Custódio, adormece no preguiceiro, um pingo de baba deslizando devagarinho dos lábios até ao queixo ...
Muito interessante. E há uma peça de mobiliário referida no cap.IX - episódio do carteiro - que é um banco corrido cuja tampa se levanta para se aceder a vários compartimentos. Diz-se no texto: «ofereceu pão, levantando a tampa do comprido banco, que era interiormente dividido em compartimentos destinados ao feijão de gasto diário, às estrigas já fiadas..... etc». Parece ser diferente das peças apresentadas pela Amélia. Na altura em que li, pesquisei no Google imagens deste banco, mas não encontrei nenhuma que satisfatoriamente lhe correspondesse.
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